Para os dirigentes e operadores do sistema energético, o comportamento do clima nos últimos meses tem trazido muita preocupação, porquanto a falta de chuvas reduziu o nível da água nos reservatórios das hidrelétricas das regiões Sul e Sudeste à menor escala verificada historicamente nessa época do ano.
No entanto, na área dos cultivos agrícolas, os analistas ainda não têm motivos para pensar na hipótese da quebra da safra devido a problemas climáticos, especialmente na região Sul, onde o risco sempre está presente nas cogitações dos produtores rurais. Levando em consideração esse aspecto e, de igual maneira, o recrudescimento dos efeitos climatológicos do fenômeno La Niña, além da diminuição da área plantada na região Sul, técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fizeram um ajuste na estimativa da colheita de grãos na temporada 2007/08, que terá início neste mês no Centro-Oeste.
De acordo com os dados atualizados pela Conab, o Brasil deverá colher neste ano agrícola uma safra recorde de 135,8 milhões de toneladas de grãos, com redução inferior a 1% sobre a estimativa calculada em dezembro. Mesmo assim, a colheita será 3,1% maior que a verificada em 2006/07, quando as colheitadeiras ceifaram 131,7 milhões de toneladas de grãos. Os números consolidados pelo IBGE são levemente diferentes, embora confirmem a expectativa da quebra do recorde anterior.
Apesar dos efeitos negativos do fenômeno causado pelo aquecimento das águas do Pacífico em algumas áreas, a soja deve continuar na vanguarda da produção nacional de grãos, com a apreciável marca de 58,2 milhões de toneladas, segundo a última estimativa da instituição vinculada à estrutura do Ministério da Agricultura e Abastecimento.
Analistas agrícolas de consultorias privadas trabalham com um cálculo mais otimista, havendo os que afirmam que a safra atual da oleaginosa não será inferior a 61 milhões de toneladas, podendo chegar a 62 milhões. Aliás, para os analistas, esse é o patamar estimado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para a soja brasileira este ano.
Outro produto em notória ascensão na agricultura brasileira é o milho, cujo destaque se deveu ao aumento da produção norte-americana de etanol a partir dessa matéria-prima. A produção de milho deve atingir 53,4 milhões de toneladas, superando em cerca de 4% o total colhido na safra anterior. O governo trabalha com a meta de exportação de 9,5 milhões de toneladas de milho em 2008, numa demonstração eloqüente da pujança do agronegócio.
