O setor ferroviário brasileiro deverá receber investimentos de R$ 4,7 bilhões nos próximos anos, dos quais R$ 2,3 bilhões em 2006, oriundos das próprias concessionárias da modal interessadas na melhoria das condições operacionais do transporte pesado a longas distâncias.
No planejamento geral estão incluídos os projetos de construção da Transnordestina e do Ferroanel de São Paulo. No primeiro caso a meta é facilitar o acesso aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE), e no segundo desviar o tráfego ferroviário das áreas urbanizadas da capital paulista.
A expectativa do início das obras da Transnordestina é junho do próximo ano, e sua entrada em operação deverá ocorrer em 2009. Um consórcio será formado para financiar a obra, prevendo-se a participação do BNDES, fundos de investimento do Nordeste e Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), além de outros interessados no projeto orçado em R$ 4,5 bilhões.
O Ferroanel de São Paulo vai depender da formatação do projeto de parcerias público-privadas (PPPs), embora os responsáveis já disponham do levantamento das áreas passíveis de desapropriação, cuidados ambientais e projeção do volume de negócios.
Pelos valores expressivos a serem investidos em ambos os projetos, conclui-se que o transporte ferroviário tem excelentes perspectivas de atendimento da demanda reprimida, além de propiciar ao setor da construção civil a retomada dos grandes empreendimentos de engenharia.
Enquanto os megaprojetos não saem das pranchetas, as concessionárias realizam gastos na aquisição de locomotivas e vagões e na ampliação das vias permanentes. Além disso, os próprios usuários do transporte ferroviário tencionam investir nos próximos anos cerca de R$ 200 milhões na compra de vagões e construção de novos terminais, somente na área coberta pela América Latina Logística (ALL).
A expansão pretendida do setor dá inteira razão aos que questionam o empenho do governo federal na extinção da RFFSA que, remodelada e administrada segundo métodos de comprovada eficiência, poderia estar desempenhando um papel estratégico na logística do transporte ferroviário.
Em resumo, não fosse essa uma atividade comprovadamente lucrativa e os grupos financeiros internacionais jamais teriam tido interesse na sua exploração. Nem o conselheiro Acácio discordaria da afirmativa.