O otimismo brasileiro resiste enquanto pode. Era dado como certo que a crise política não havia contaminado o movediço terreno da economia, mas hoje a afirmação não merece tanta credibilidade. Que o diga o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), cuidadosamente elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
No mês de julho, a aferição que traduz em dados estatísticos a quantas anda o ânimo do pessoal da indústria, numa escalada de zero a 100, atingiu 50,7 pontos, o menor valor registrado desde 2002.
Enfrentando os efeitos negativos da política de juros altos e o dólar desvalorizado, há dois meses os industriais tiveram também de conviver com a sarabanda desencadeada pelas denúncias do deputado Roberto Jefferson, cujo desdobramento comprometeu o PT e demais partidos da base, sobrando inclusive para o PSDB e PFL.
A incerteza quanto ao desfecho da crise, que já bateu às portas do Palácio do Planalto, pelo potencial de desarticulação que traz no bojo, leva à desaceleração do ritmo de investimentos e, por conseguinte, da produção industrial, incidindo sobre a expectativa dos próximos meses.
Por essas e outras, poucos são os que ainda acreditam na tal agenda positiva.