O deputado Osmânio Pereira (PTB-MG) negou nesta quarta-feira (13), em depoimento no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, ter recebido propina da máfia das ambulâncias em troca da apresentação de emendas que beneficiassem o esquema comandado pela empresa Planam. "Nego veementemente qualquer tentativa de acordo. É falsa a acusação de que tenha recebido vantagens indevidas", defendeu-se.

continua após a publicidade

No entanto, o deputado não soube explicar como foram parar nos escritórios da Planam dados pessoais seus, como o número do CPF, da conta e da agência bancária e da senha parlamentar para acompanhamento da execução orçamentária, todos apreendidos pela Polícia Federal. "Não fui eu que cedi esses dados ao grupo", rebateu o parlamentar. "Acho que eles tinham acesso a informações do Ministério da Saúde", cogitou, quando questionado pelo relator do processo, deputado José Carlos Araújo (PL-BA).

Homem íntegro

Osmânio Pereira contou que conheceu o sócio da Planam Darci Vedoin "em uma roda de deputados nos corredores do Congresso". Segundo o deputado, o empresário foi "recomendado pelos colegas como um homem íntegro, sério". Osmânio Pereira disse que não se recordava de quem o apresentou ao empresário e que só soube das práticas do grupo quando o escândalo das ambulâncias foi divulgado pela imprensa.

Ainda segundo o deputado, a única emenda em que os Vedoins seriam beneficiados – de R$ 1,43 milhão para o Hospital São Francisco de Assis, em Belo Horizonte – não foi executada porque o Ministério da Saúde constatou superfaturamento na aquisição de equipamentos médico-hospitalares. Foi o próprio ministro da Saúde Saraiva Felipe que me comunicou o superfaturamento. Cheguei a ligar para os Vedoins, responsáveis pelo pré-projeto para o hospital, reclamando das irregularidades", afirmou Osmânio Pereira. "Mesmo após as correções nos preços, a emenda não foi executada porque o hospital não tem Certidão Negativa de Débitos."

continua após a publicidade

O telefonema do deputado para os Vedoins foi gravado pela Polícia Federal. O relator questionou por que, na ligação, o deputado falou apenas: "Os preços foram superfaturados. Isso ficou chato." Na avaliação de José Carlos Araújo, faltou ênfase e indignação ao parlamentar. "Essa foi apenas uma das ligações", respondeu Osmânio. "Em outras ligações, eu cobro a correção das irregularidades e demonstro minha indignação com o ocorrido."

O relator também quis saber por que Osmânio não ingressou na Justiça contra os Vedoins, por falsidade na acusação. O deputado respondeu que não fez isso por orientação de seus advogados. "Depois dessas acusações, não tive cara nem coragem para pedir votos. Por isso não me candidatei neste ano", contou. Para José Carlos Araújo ainda falta esclarecer alguns pontos obscuros para que forme uma opinião sobre a culpa ou inocência de Osmânio.

continua após a publicidade