Os principais trechos do depoimento de Costa Neto

São Paulo (AE) – "O presidente Lula sabia do acordo com o PL. Mas nunca tratei de dinheiro com ele."

CAIXA 2: "Para a eleição de 2002, involuntariamente, recebi dinheiro não-oficializado do PT. Meu nome acabou na lista do ‘mensalão’, inventada pelo deputado Roberto Jefferson."

RENÚNCIA: "Renunciei ao mandato para defender meu partido. Foi uma escolha entre o partido e meu mandato. Se eu deixasse a presidência do PL, seria admitir uma culpa que não tive. Continuando deputado, qualquer coisa que eu fizesse para defender o PL pareceria que estava defendendo meu mandato. A renúncia liberou-me das chantagens do Jefferson. Não tenho mais imunidade, mas posso lutar contra as chantagens dele."

CHANTAGEM: "A chantagem de Jefferson começou em junho. Por isso, resolvi processá-lo no Conselho de Ética no dia seguinte."

RECADO: "O deputado Sandro Mabel me procurou. Levava recado do Jefferson, que se dizia arrependido de ter posto o PL na lista. Queria que eu tirasse o processo. Em troca, nos daria um documento. Eu disse: ‘Nessa altura, você acha que o Jefferson tem alguma moral, que papel dele vale alguma coisa? Vão dizer que fiz um acordão’. Em julho, Severino Cavalcanti, fez três reuniões na casa dele, a pedido do Jefferson. Fui aconselhado a retirar o processo, para Jefferson poder renunciar sem perder os direitos políticos. Eu disse: ‘Não retiro de jeito nenhum. Vossa Excelência vai ficar 8 anos sem mandato e sem direito político’."

DESESPERADO: "Desde que Jefferson foi pego com a mão na corrupção, com os R$ 3 mil do Maurício Marinho e os R$ 400 mil do IRB e dos Correios, vive em pânico. Ficou tão desesperado, que fez ameaças de expor minha vida pública e privada. Minha denúncia provocou pânico na cabeça dele."

MENSALÃO: "Nunca passei um centavo para nenhum Estado, nenhum deputado. Como podem falar em ‘mensalão’? Nossa bancada é mais fiel que a do PT. Vota com o governo sempre."

DINHEIRO: "Quem primeiro noticiou que o PT daria R$ 10 milhões para o PL na campanha de 2002 foi a revista ‘Carta Capital’. Está tudo lá, do jeito que ocorreu. Estavam presentes na casa do deputado Paulo Rocha o presidente Lula, o vice José Alencar, José Dirceu, Delúbio, Gilberto Carvalho."

LULA: "O presidente Lula sabia do acordo com o PL, porque dos R$ 40 milhões para a campanha seriam 75% para o PT e 25% para o PL. Mas nunca tratei de dinheiro com o presidente Lula."

DISTRIBUIÇÃO: "O PT não deu um centavo para o PL (no 1.º turno). Quando terminou o 1.º turno, disse ao Delúbio que queria dinheiro para fazer a campanha do Lula em São Paulo. Fechei o orçamento em R$ 6 milhões. Delúbio ficou de passar o dinheiro rapidamente, mas só passou 18 meses depois."

BAGUNÇA: "Não quero criar laranjas nem jogar a culpa em ninguém. Quem recebeu todo o dinheiro, R$ 6,5 milhões, fui eu não o PL. Fomos vítimas da bagunça do PT."

RECIBOS: "Só tenho recibos de R$ 1,7 milhão. Os outros R$ 4,8 milhões foram entregues sem comprovação. Estou tentando pegar alguns recibos no PT."

SMP&B: "O primeiro pagamento foi em 26 de fevereiro de 2003. Delúbio disse para procurar a SMPB. Jacinto Lamas, tesoureiro do PL, foi a Belo Horizonte e levou um cheque em nome da Guaranhuns. Liguei para Delúbio e ele também não sabia o que era aquilo. Ele foi para uma salinha, conversou pelo telefone e no dia seguinte o cheque foi trocado por dinheiro. Nunca tinha ouvido falar na Guaranhuns."

ORIGEM: "Nunca me preocupei com a origem do dinheiro do PT. Só trabalhava com gente de bem. Delúbio me dizia que teria de fazer um empréstimo e disse que legalizaria o dinheiro."

DELÚBIO: "No PT, o Delúbio tinha total autonomia para as questões relativas ao dinheiro."

DIRCEU: "Falei com o Dirceu uma vez: ‘Ministro, o Delúbio não está honrando os compromissos da campanha comigo’. Ele respondeu: ‘Delúbio vai honrar.’ Foi em julho ou agosto de 2003."

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