"Curitiba é negra". Esse é o tema de uma mostra fotográfica que foi realizada na última semana no Shopping Estação, e que tinha como proposta mostrar o cotidiano de jovens negros da capital, trabalhando a auto-estima por meio da linguagem fotográfica. Mas o objetivo maior da exposição, argumentam os organizadores, era dar "visibilidade aos negros", que não teriam sido incluídos como uma etnia representativa na "Curitiba de Todas as Gentes".

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Mas apesar dos negros e afrodescendentes se sentirem excluídos, é impossível negar a sua participação e contribuição para o desenvolvimento do Paraná e de Curitiba. A própria história revela isso, e atualmente, de acordo com dados do Instituto de Pesquisa da Afrodescendência  (IPAD), 20% da população da capital e Região Metropolitana é formada por negros. O professor do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carlos Alberto Medeiros Lima ressalta que a presença dos negros em Curitiba está vinculada ao processo de migração dos seus senhores para o Planalto, a partir do século XVIII, vindos ainda como escravos.

"A partir desse período eram dois tipos de população escrava: os negros e os índios", comenta. Esse contingente era formado basicamente por homens, já que seus ofícios eram empregados na criação de gado. Mas a partir do início do século XIX esse cenário começou a mudar, pois iniciou um processo migratório de descendentes libertados para o Paraná, que vinham em busca de terras. Segundo o professor Lima, essa população teve uma participação importante na economia paranaense, já que constituíam uma expressiva parcela da sociedade: 45% da população do Paraná era formada por escravos e descendentes livres. A partir de 1950, essa população se dispersou e muitos fixaram residências no interior das cidades, se dedicando a agricultura autônoma.

Religião

De acordo com o professor da UFPR uma das contribuições culturais mais expressivas dos negros está relacionada a religião. "Eles fundaram muitas irmandades, que eram vinculadas a ajuda mútua entre seus membros. Essas instituições também visavam buscar uma afirmação dentro da comunidade, como que para sedimentar a inserção de escravos e descendentes na vida social", explicou. Em Curitiba uma das irmandades foi responsável pela construção da Igreja do Rosário, no Largo da Ordem.

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Outra participação forte dos negros foi no tropeirismo, bem como, na edificação de grandes obras, como a estrada de ferro que liga Curitiba à Paranaguá. Assim como os trabalhadores, os engenheiros irmãos Rebouças eram negros. "Em quase todos os prédios históricos da cidade a presença do negro está presente, pois eles constituíam a grande parte da mão-de-obra", completou o pesquisador.

Etnia busca mais espaço

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"Dizer que Curitiba é uma capital de todas as raças e que convivem em perfeita harmonia não é verdade. Pois a população negra não faz parte disso, pois a cidade sempre negou sua existência". A afirmação é da socióloga e presidente do Instituto de Pesquisa da Afrodescendência (IPAD), Marcilene Garcia de Souza, que garante que historicamente a etnia não é reconhecida.

A presidente do IPAD cita que um dos exemplos dessa discriminação está nos monumentos e praças de Curitiba. "A invisibilidade dos negros está na ausência de praças, bosques ou pontos culturais em homenagem a etnia", falou. Aliado a isso, Marcilene afirmou ter feito um levantamento do conteúdo dos livros didáticos distribuídos nas escolas da capital em 1994, e constatou que a história da colonização do Paraná excluiu os negros, valorizando a cultura dos imigrantes europeus.

Já o professor de psicologia da educação e integrante do Núcleo de Estudos Afro- Brasileiro, Paulo Vinícius Baptista da Silva afirmou que a comunidade negra na capital foi isolada na periferia. Um exemplo, diz Silva, é a Vila Zumbi, que fica na Região Metropolitana de Curitiba. "A grande maioria da sua população é negra, e ressente de políticas públicas que as atendam dignamente", comentou.  

Mas apesar dessa realidade, os dois pesquisadores reconhecem que algumas ações vem sendo tomadas para a inclusão da comunidade negra. "As cotas para os negros nas universidades e concursos públicos vão possibilitar o crescimento cultural e de trabalho", completou Marcilene.

Caruru

Descasque, limpe e deixe de molho 1 kg de camarão seco de um dia para o outro. Moa-o num moedor e guarde-os na geladeira. Deve render três xícaras mais ou menos. Camarão fresco cozido pode ser usado, mas não precisa ficar de molho. Remova a casca vermelha de 1/2 kg de amendoim. Torre ligeiramente no forno. Moa os amendoins. Deve render pelo menos duas xícaras. Deixe de lado para usar depois.

Misture numa tigela grande:

2 colheres de sopa de coentro fresco picadinho

1 cebola media descascada e cortada

1/2 pimentão médio picado

2 dentes de alho socados

4 tomates médios picados

2 colheres de sopa de azeite

Misture os temperos acima com o camarão moído, os amendoins moídos, 3 xícaras de água e

1/2 kg de quiabo picado ou cortado em rodelas. Quando o quiabo estiver macio, junte um quilo de camarão limpo e descascado. Cozinhe os camarões até ficarem rosados. Coloque 2 ou mais colheres de sopa de azeite de dendê.