Nesta segunda-feira, dia 10, o Serviço de Patrimônio da União finalmente e após uma longa demanda judicial irá retirar cerca de onze casas e bares construídos irregular e ilegalmente nas areias do Balneário Flamingo, em Matinhos.
São os ocupantes remanescentes de uma invasão ocorrida alguns anos atrás sob os olhos complacentes do ex-prefeito e de gestões anteriores.
Nenhum desses vive da pesca. Exploram botecos e similares, com precariedade em higiene e agredindo ambientalmente a faixa de praia.
Não lhes falta habilidade, entretanto, para posar como vítimas da insensibilidade do Poder Público seja este qual for. Não importa que o conjunto da população reivindique a recuperação das praias e a urbanização da área para incentivo ao turismo.
Os ocupantes, menos de vinte, como é natural, limitam-se a exigir área semelhante e à beira-mar para a desocupação. Outros, estes sim pescadores com consciência cívica, aceitaram no ano pretérito a mudança para um loteamento em casas de alvenaria e ainda a custo zero, conforme convênio com o Estado.
A Prefeitura desenvolveu projetos de recuperação urbanística e pretende devolver a área para o uso da população e dos veranistas, já que praia é o único atrativo do município.
Não está, entretanto, insensível ao problema social pois em breve tempo disponibilizará lotes a custo zero para os realmente carentes que não dispõem de outra opção de moradia.
A situação poderá ser vista como discriminação positiva, em favor de uns contra outros igualmente carentes que respeitam a lei e aguardam a mesma oportunidade sem ocupar área pública tão privilegiada como a orla.
Dará também o apoio para o transporte de material de construção e os abrigará da melhor forma possível como ocorreu com as vítimas do flagelo das ressacas.
O que não fará mais é render-se ao populismo inconseqüente e à indústria das invasões em mananciais, margens de rios e beira das praias na busca de alguns votos em troca da destruição ambiental.
Se as imagens na mídia eletrônica de algumas famílias sendo desalojadas sensibilizam e comovem, também nos agride a perspectiva de um litoral empobrecido e abandonado pelos veranistas em face da incúria de governantes que acreditam somente no imediatismo e se tornam coniventes com a degradação das praias e a poluição dos oceanos, abdicando do dever de zelar pelo patrimônio natural das futuras gerações que nos sucederão.
José Maria Correia
– vice-prefeito de Matinhos.