Os anéis e os dedos

Segundo maior investidor estrangeiro no Brasil, a Espanha tem planos de continuar ampliando sua presença empresarial no País, tendo em vista a existência de um mercado de alto potencial de consumo e a facilidade de acesso a outros destinos. Empresários brasileiros e espanhóis reuniram-se recentemente em São Paulo, para acertar novos investimentos no setor produtivo.

O capital espanhol já aplicado no Brasil chega a US$ 27 bilhões, mas a intenção é estimular o crescimento de negócios bilaterais. A Espanha trabalha com a perspectiva de aumentar suas exportações para o Brasil, que atualmente é favorecido por um superávit de US$ 800 milhões numa balança equivalente a US$ 3,1 bilhões.

A idéia se justifica, da parte do governo espanhol, considerando que apenas 1,9% das importações brasileiras têm origem no mercado espanhol. Um dos objetivos do Plano Brasil é o estímulo à presença de empresas espanholas de pequeno e médio portes em nosso território, segundo informou o secretário de Turismo e Comércio da Espanha, Pedro Mejia Gómez.

Esse entendimento entre ambos os governos vem de 1996, mediante parceria entre a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do governo brasileiro, e o Centro para o Desenvolvimento de Tecnologia Industrial (CDTI), do governo espanhol. Desde então, foram financiados 80 projetos de cooperação tecnológica entre empresas dos dois países no valor de 125 milhões de euros.

Quando o primeiro-ministro José Luis Zapatero esteve no Brasil, em visita oficial, conversou longamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e falou aos empresários, bem como num dos painéis do 5.º Fórum Social Mundial, em Porto Alegre.

Uma das declarações incisivas de Zapatero, personagem que surpreende o mundo pela firmeza de suas atitudes, reconhecendo o potencial do desenvolvimento brasileiro, referia-se à necessidade de fixar marcos regulatórios bastante claros nos projetos de parcerias público-privadas. Não será fácil atrair capitais externos, segundo o regime de concessão delineado no referido projeto, sem uma contrapartida legal eficaz e atraente para o investidor estrangeiro.

Ao governo compete, sim, a fixação de garantias, todavia, sem entregar os anéis e os dedos. 

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