Orquestração de PMDB e PT pode atrapalhar Aldo

A candidatura de Aldo Rebelo (PC do B-SP) à reeleição para a presidência da Câmara sofreu forte abalo hoje, depois que o presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, propôs, em carta assinada conjuntamente com o deputado Arlindo Chinaglia, líder do governo e concorrente petista à sucessão de Aldo, dividir a atual legislatura de maneira que PT e PMDB presidam a Casa. Pela proposta, nos dois primeiros anos a presidência ficaria com o PT e nos anos seguintes caberia ao PMDB indicar o presidente.

A idéia é reviver acordo semelhante firmado entre o PFL e o PMDB na década passada. Na época, o PMDB cedeu a presidência para o ex-deputado Luiz Eduardo Magalhães, com o compromisso de apoiar um peemedebista dois anos depois, o que possibilitou a eleição de Michel Temer com sucesso. De acordo com a proposta apresentada por Garcia, quando um dos dois partidos ocupar a presidência, o outro escolheria o próximo cargo na Mesa Diretora. Além disso, Garcia se compromete a repetir em 2009 qualquer outro ponto que vier a ser acordado agora, incluindo nesse bolo a participação dos partidos aliados

O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), gostou da proposta e disse que a submeterá à bancada. Na sua avaliação, se o PMDB fechar o acordo a candidatura de Aldo perde o seu favoritismo. "O sentimento no PMDB é pelo lançamento de um candidato próprio. "Há um desejo grande nesse sentido, mas é possível que o PMDB faça um acordo com o PT", observou. Na carta Garcia ressalta que esse acordo não influiria na disputa para a presidência do Senado. "A eleição do senador Renan Calheiros conta com o apoio da maioria, inclusive de todos os senadores do PT. Esse encaminhamento é fruto de uma construção política permanente", escreveu o presidente interino do PT

Antes da carta ser divulgada, Calheiros já sabia que havia uma movimentação do PT em torno de um acordo com o PMDB na Câmara, mas ainda assim defendia que o partido marchasse unido em torno da reeleição de Rebelo. Para ele, o governo não deve misturar a divisão de poder no Executivo com a disputa de cargos no Legislativo. "É preciso não mistura as duas coisas. O governo tem que ficar fora para não atrapalhar", advertiu.

Já o deputado Geddel Vieria Lima (PMDB-BA) avalia que o governo tem de se envolver, sim, e que o presidente da República necessita sinalizar qual dos candidatos tem o seu apoio. "É preciso ficar claro quem é o candidato da base aliada, aquele que conta com o apoio do presidente da República. Se o governo deixar na linha do samba ‘deixa a vida me levar, vida leva eu’, o PMDB e o PT podem fazem um acordo. Se o Palácio quer o Aldo, é preciso que alguém diga logo", advertiu o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).

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