Depois dos indícios de irregularidades na condução das obras dos Jogos Pan-Americanos do Rio, revelados na quarta-feira pelo relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), o ministro do Esporte, Orlando Silva, vai esta semana se encontrar com o autor do documento, o ministro Marcos Vilaça, na tentativa de se explicar e diminuir o mal-estar criado. Desde 2004, o órgão acompanha o andamento das obras e, desta vez, o texto suscitou dúvidas quanto à má aplicação do dinheiro público, principalmente em relação aos gastos do governo federal.
A construção do Complexo de Deodoro, local das disputas do hipismo, tiro, pentatlo e hóquei sobre a grama, é de responsabilidade do governo federal. E foi nele que o TCU teve mais dúvidas quanto a possíveis práticas de atos ilícitos: pagamento direto do ministério do Esporte a empresas subcontratadas pela empreiteira responsável pela obra, erros na planilha de custo e cronograma de trabalho, execução de serviços sem prévia licitação e ausência de fiscalização no cumprimento do contrato foram algumas das observações feitas pelo texto.
O documento do TCU ainda apontou o valor de R$ 1,8 bilhão para os gastos do governo federal com o Pan – cifra maior do que o número oficial divulgado, R$ 1,65 bilhão. E também citou o aumento dos gastos em Deodoro de R$ 76,8 milhões para R$ 87,7 milhões (atualmente a previsão final de investimento é de R$ 94 milhões). Sem esconder o desconforto, o ministro do Esporte assegurou que sanará todas as dúvidas do relatório. "O trabalho que o tribunal faz é excelente. E vamos mostrar que não existe nada irregular.
Além da União, o Comitê Organizador dos Jogos (CO-RIO) vai precisar dar explicações ao TCU sobre as cerimônias de abertura e encerramento das disputas. E, apesar de estar com os 17 prédios prontos, a Vila Pan-Americana ainda não possui o "habite-se", certidão que atesta que o imóvel foi erguido seguindo as exigências estabelecidas pela prefeitura.
No último relatório trimestral de 2006 – período entre outubro e novembro -, o TCU revelou a preocupação com os atrasos nas obras de infra-estrutura da Vila, na Marina da Glória, no Maracanãzinho, no Estádio João Havelange, além do Complexo Esportivo de Jacarepaguá.
