A Via Campesina surgiu em 1993, na Bélgica, durante uma conferência internacional com representantes de sem-terra e de pequenos proprietários rurais. De lá para cá, a organização realizou mais três conferências, no México, na Tailândia e no Brasil. A próxima deve ser em um país da África.
A quarta conferência, em junho do ano passado, reuniu 400 delegados na Vila Kotska, antigo convento jesuíta localizado em Itaici, bairro de Indaiatuba, no interior de São Paulo. É o mesmo local onde se realiza anualmente a assembléia-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Com a estruturação da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 1995, boa parte da energia da Via Campesina voltou-se para o combate às decisões daquela instituição – considerada o mais fiel guardião dos interesses das empresas transnacionais.
Os militantes da Via Campesina se destacaram nos protestos que marcaram a conferência da OMC realizada em 2003, em Cancún. O agricultor coreano Lee Kyuong-Hae, que se matou durante a semana de manifestações, fazia parte da organização. Ele é lembrado nos encontros de sem-terra como uma espécie de mártir que "ofereceu sua vida aos camponeses do mundo para manter viva a decisão de luta e repúdio à OMC" – conforme texto de divulgação distribuído durante a conferência em Indaiatuba.
As principais bases da Via Campesina estão na América Latina, entre organizações de trabalhadores rurais que reivindicam a reforma agrária. Seus parceiros europeus têm objetivos bem diferentes: resistem ao avanço das grandes empresas e desejam a manutenção de subsídios para enfrentar a concorrência externa. Hoje a organização procura se expandir principalmente em direção à Ásia.