Aos poucos, o PMDB vai pondo ordem nas coisas, uma tarefa difícil à vista da gradativa perda da garra histórica que situou o partido como carro-chefe da redemocratização. Mas, com boa vontade e muito trabalho de convencimento, os dirigentes enfrentam a barra da preparação interna para lançar candidato presidencial próprio.
Isso não acontece no PMDB desde 1994, quando o deputado Ulysses Guimarães disputou a Presidência, infelizmente na fase da debandada das personalidades marcantes do partido, transformado em legenda auxiliar.
O partido deverá realizar uma prévia para definir seu candidato a presidente durante o mês de março, após a agitação do Carnaval. O prazo para a inscrição dos interessados era o dia 15 de fevereiro, mas os dirigentes deverão estendê-lo por algumas semanas.
Para os analistas, esta é uma forma de ajudar os opositores do ex-governador Anthony Garotinho, até agora o único inscrito. Se a medida favorece hipotéticos pretendentes à indicação, Germano Rigotto, Roberto Requião e Nelson Jobim, nessa ordem, é uma pedra na sandália do ex-governador.
Garotinho exerce a função de principal articulador político do governo de Rosinha Matheus, sua mulher, embora esteja dedicado em tempo integral ao corpo a corpo com delegados com direito a voto nas prévias do PMDB. O presidente Michel Temer revelou que, se vencer a disputa, Garotinho será o candidato do partido à Presidência.
Todavia, advertiu que o campista não é o candidato do coração do PMDB. Para bom entendedor, meia palavra basta: mesmo ganhando não terá apoio maciço da máquina partidária estribada em nove governadores, 21 senadores, 81 deputados federais, mil prefeitos e 1,8 mil vereadores em todo o Brasil.
Dentre os prováveis inscritos à prévia o nome do governador Roberto Requião começa a ganhar evidência, embora não haja de sua parte, ainda, indicação clara sobre a inscrição.
A ala peemedebista chegada ao governo não esconde a intenção de ter Requião como candidato à sucessão presidencial, e a disposição não deixa de ser instigante, na medida em que o governador paranaense é um intimorato crítico da atual administração.
Com o vento plenamente a favor na campanha pela reeleição no Estado, Requião deverá analisar todas as probabilidades. Parece certo que a hipótese mais remota é jogar para o alto seu futuro na província.
