Brasília – A oposição passou a obstruir no Senado a apreciação de cinco medidas provisórias que estão na pauta de votações. O motivo, segundo o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), se deve às declarações do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, de que o governo de São Paulo teria preferido negociar com o Primeiro Comando da Capital (PCC) a aceitar a ajuda do governo federal para suspender a onda de violência no estado que começou na última sexta-feira (12).
"O governo federal ofereceu toda ajuda possível, toda ajuda necessária e o governo paulista parece preferir negociar com os criminosos do que aceitar a ajuda do governo", afirmou o ministro em entrevista coletiva na Câmara dos Deputados hoje (17). Ele também disse que o estado de São Paulo reduziu, nos últimos cinco anos, os investimentos em segurança pública, e que a crise atual começou com as rebeliões da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem), "e o estado não deu a devida atenção. No momento em que a crise eclode, a primeira tendência é transformá-la numa questão eleitoral e transferir responsabilidade para o governo federal", comentou Tarso.
Ao tomar conhecimento das declarações de Tarso Genro, o líder tucano foi à tribuna exigir uma retratação do ministro pelas declarações. Num aparte, o presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), pediu a demissão do ministro e defendeu a suspensão do diálogo entre oposição e governo. "Ele é um irresponsável, leviano que só pensa em poder. Temos que cortar o diálogo com este governo", afirmou Jereissati.
A líder do PT no Senado, Ideli Salvati (SC), questionou se o plenário do Senado quer entrar na discussão de um eventual acordo entre o governo de São Paulo e o Primeiro Comando da Capital (PCC), condenado, segundo ela, pela opinião pública. Segundo a senadora, "se houve este acordo a situação é muito grave". O senador Sibá Machado (PT-AC) condenou as declarações feitas por parlamentares da oposição contra o ministro Tarso Genro. "Acho muito improdutivo e danoso o Senado trilhar por este caminho. Não podemos entrar neste clima eleitoral", afirmou o petista.