A oposição não levou a sério a proposta do ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, de fixar metas de crescimento anual na faixa dos 5% para os próximos quatro anos. Além de desdenhar da capacidade do governo para implementar as metas, líderes de partidos adversários ao Palácio do Planalto consideraram a idéia eleitoreira por duas razões: foi lançada às vésperas da disputa presidencial e alardeada como futura "marca" do eventual segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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"O governo Lula é mestre em fazer promessas, mas entre a promessa e realização existe uma coisa chamada competência, que é o que falta a este governo", desdenhou o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN). Ele afirma que "o papel agüenta tudo" e insiste que o presidente Lula não tem mostrado que sabe fazer Brasil crescer. "O sistema de metas só vale para administração competente. Este governo trombeteia um crescimento de 4% e não consegue passar dos 3%", emenda o pefelista.

Ex-líder do PSDB na Câmara, Custódio de Mattos admite que não se pode discordar do que está implícito na proposta das metas, que é dar prioridade ao desenvolvimento. Salienta, contudo, que antes de falar em estabelecer metas é preciso fazer o dever de casa e abandonar as restrições impostas nos últimos anos, que têm inibido crescimento da economia.

"Da forma como as coisas estão hoje, não há verdade nesta proposta", adverte Custódio. O tucano está convencido de que, para ter credibilidade, a idéia do ministro Furlan teria de ser precedida por ações do próprio governo, para suprimir os entraves ao crescimento em decorrência da política monetária e da falta de investimento em infra-estrutura. "Só depois disto, seria possível falar em metas com seriedade", afirma. "Estabelecer metas fixas e específicas hoje é querer enganar", critica.

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"Para falar em metas de crescimento, o governo teria que ter mostrado determinação política de baixar gastos públicos pela eficiência e não pelo aumento da carga tributária, que é elemento inibidor do crescimento", completa o líder José Agripino. Segundo o pefelista, quem promove superávit nas contas públicas pelo aumento de imposto "não tem moral para estabelecer metas de crescimento".