Brasília – A entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao programa Roda Viva realizada na noite de ontem (7), foi assunto nos corredores do Congresso Nacional. Parlamentares da base aliada elogiaram o presidente, enquanto os da oposição criticavam as declarações de Lula.
Os companheiros de partido do presidente consideraram que Lula respondeu de maneira "franca e objetiva" a todas as perguntas. "No meu ponto de vista apresentou respostas consistentes para diversos questionamentos que foram feitos", disse o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS). "Nada do que foi perguntado deixou de ser respondido. Ele foi bastante contundente. Disse que tudo deve ser investigado e apurado", avaliou o líder do governo no Senado, Aloízio Mercadante (PT-SP).
O líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), tem opinão contrária. Para ele, foi a "pior entrevista" já concedida por Lula. O partido criticou as declarações do presidente de que o PFL não teria "autoridade política" para pedir seu impeachment e que considerava "hilariante" a ameaça. Para o presidente do partido e senador Jorge Bournhansen (SC), a declaração mostra que Lula desconhece a Constituição. "Esse tipo de declaração não intimida, engrandece, mostra que o PFL tem cumprido bem a sua missão de oposição fiscalizadora e responsável", afirmou.
O petista Henrique Fontana disse que falar em impeachment é fazer luta política. "Não podemos admitir. Acho que oposição insistir na tese do impeachment é uma irresponsabilidade e uma dissociação em relação a fatos reais".
A afirmação de Lula de que não existe "mensalão" também dividiu opiniões. "O que ficou até o momento estabelecido é que na verdade houve um esquema de caixa de dois", disse o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Já Bornhausen considerou um "absurdo" o presidente negar a existência do esquema do pagamento de mesadas. "Toda vez que ele ia responder uma pergunta sobre a crise, ele ficava acuado. Chegou ao absurdo de dizer que mensalão não existe, que é lamentável na boca do presidente da República", afirmou, completando que essa atitude do presidente o convenceu de que Lula não concorrerá nas próximas eleições.