Brasília (AE) – Políticos de oposição subiram hoje (25) o tom das críticas ao comportamento do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, que horas depois de votar pela suspensão do processo de cassação do deputado José Dirceu (PT-SP) participou de um jantar oferecido pelo líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra (PTN-RN), a uma dezena de parlamentares. Vice-presidente da Câmara, o deputado José Thomaz Nonô (PFL-AL), foi um dos que reclamaram da desenvoltura de Jobim, que sonha em disputar a eleição presidencial do ano que vem.

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"Ter pretensões eleitorais é legítimo. O que não é legítimo é julgar de acordo com essas pretensões", disse Nonô. "As decisões do ministro só parecem fazer sentido se levarmos em conta o ponto de vista eleitoral dele. Aí, fica mais fácil compreender. Ter pretensão é até um pouco salutar para o magistrado. Mas o presidente de um poder não pode se comportar como um deputado ou candidato."

Já o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), justificou a decisão da oposição de obstruir a votação do Orçamento-Geral da União até que o STF libere a Câmara para concluir o processo de cassação de Dirceu. O tucano alegou que o gesto da oposição não caracteriza intromissão na Justiça.

"Só estou me metendo onde eu devo, que é no Congresso", afirmou Virgílio, que fustigou o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). "Nós estamos obstruindo por causa de uma questão ética. Já o Mercadante, que fala em equívoco, também obstruiu o Orçamento no governo passado. A diferença é que ele o fez exclusivamente para atormentar a vida do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Fez por motivos fúteis de que certamente nem se lembra mais. Já nós, assim como nossos netos, não esqueceremos que a obstrução tinha como razão uma questão ética."

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Mercadante, por sua vez, voltou a defender Jobim e Dirceu – e a atacar a oposição. "O ministro Jobim tem história e estatura jurídica que o qualificam a exercer qualquer cargo. Ele nunca se comportou por atitudes político-eleitorais", disse. "O Supremo é a última instância. O que José Dirceu está pleiteando é que a acusação fale antes da defesa. Não tendo ocorrido isso, a defesa fica prejudicada."

Ao falar no que considera "equívoco" da oposição, lembrou que quando o Supremo determinou a instalação da CPI dos Bingos ninguém no Congresso reclamou de intromissão. "A atitude da oposição é absolutamente equivocada, especialmente a última, de obstruir a votação do orçamento, que é um processo que tem de ser feito com compromisso. Decisão do Supremo a gente pode até não concordar, mas acata."

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O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, também criticou a oposição. "Não podemos transformar brigas políticas em instrumento de chantagem", reagiu Bernardo. "Isso não é contra o governo: é contra o País." Para o ministro, a atitude oposicionista é inaceitável. "Vamos trabalhar para que esse tipo de postura irresponsável não seja bem sucedido", observou. Bernardo insistiu em que o Congresso "tem obrigação" de votar o Orçamento. "Não podemos permitir que uma iniciativa menor provoque uma grave crise nas finanças", disse o ministro.