Brasília (AE) – A oposição no Senado avalia que ganhou a queda-de-braço hoje (22) com o governo na CPI dos Correios após o depoimento do ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) Maurício Marinho. Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), são preciosas as informações de Marinho sugerindo a ingerência de dirigentes do PT, entre eles o secretário-geral do partido, Sílvio Pereira, nas negociações de contratos dos Correios.
"Com esse depoimento, nós ganhamos mais espaço", afirmou o tucano, que integra a CPI dos Correios. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), destacou a importância do depoimento de Marinho e disse que o ex-diretor da ECT "desmentiu cabalmente" o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao fazer revelações sobre as relações nada éticas entre petistas e contratos da estatal.
"Se o governo Lula é ético, é preciso demonstrar, não basta dizer. Se Lula perder as eleições é porque seu governo afrouxou com relação à ética", disse o líder petista no plenário. Para ele, o fato de o PT ter esvaziado os poderes de Sílvio Pereira é um sinal de que o Palácio do Planalto já admite que o dirigente petista está envolvido em esquemas de corrupção no governo.
O líder do PSDB demonstrou irritação ao falar da acusação feita por Lula de que a oposição estaria com "medo" de sua reeleição. Virgílio avalia que o presidente deveria agradecer o fato de o PSDB e os demais partidos de oposição criticarem o governo sem perder o compromisso com a democracia. "Desde 1946 não tem havido oposição mais democrática que a atual", declarou.
O senador Romeu Tuma (PFL-SP) informou, em plenário, que Maurício Marinho lhe pediu proteção, porque estava com medo de sofrer retaliação por causa de suas revelações. Segundo ele, o melhor que o governo tem a fazer é deixar as investigações seguirem seu curso, sem interferências.