Brasília – As operações de crédito destinadas ao setor privado tiveram expansão de 1,6% no mês de julho e atingiram R$ 647,8 bilhões. O resultado reflete a manutenção do crescimento de empréstimos para pessoas físicas e o incremento dos financiamentos para outros serviços e indústria, como mostra o relatório sobre Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro, divulgado nesta quarta-feira (23) pelo Departamento Econômico do Banco Central.
Mais uma vez, as operações com recursos livres cresceram mais nos empréstimos pessoais, com evolução de 1,5% no mês e que já soma expansão de 28,2% nos últimos 12 meses, enquanto o incremento de crédito para pessoas jurídicas aumentou 1,2% e 17,1% respectivamente. Com isso, a carteira de empréstimos a pessoas físicas, no total de R$ 179,8 bilhões, se aproxima das operações para empresas, que somam R$ 201,4 bilhões.
A exemplo de meses anteriores, a expansão, no caso da pessoa física, está associada à evolução das carteiras de crédito pessoal e de aquisição de veículos, que tiveram incrementos de 2% e 1,8% no mês. Essas foram as duas modalidades de crédito que tiveram maiores reduções de juros em julho. Enquanto o juro do crédito pessoal caiu de 62,2%, em junho, para 59,8% ao ano, o custo na aquisição de veículos baixou de 33,3% para 32,6% ao ano.
O juro do cheque especial também caiu um pouco, de 145,1% para 144,1%, mas é a modalidade de empréstimo mais cara. Isso porque o volume de operações nesse segmento diminuiu 2,2%, ao contrário do que acontece com o crédito consignado ao salário, cuja taxa desceu de 35,7% para 35,1% ao ano. Essa carteira cresceu 3% em julho, e a expansão em 12 meses chega a 52,4%, com volume de R$ 42,19 bilhões, o que corresponde a 51,1% do crédito pessoal em estoque.
Na média, o custo de empréstimos para pessoas físicas atingiu 54,3% em julho, com declínio de 1,5 ponto percentual no mês e de 7 pontos percentuais nos últimos 12 meses, no menor patamar da série histórica pelo sexto mês seguido. Mas a redução dos juros não atingiu todas as modalidades de empréstimo, uma vez que as financeiras aumentaram de 57,5% para 59,6% ao ano as taxas cobradas na aquisição de produtos eletroeletrônicos.
Enquanto isso, a taxa média dos financiamentos para empresas ficou em 28,3% no mês passado, com redução de 0,5 ponto percentual em julho, e é a menor taxa desde outubro de 2002, quando estava em 28,3%. Os descontos de duplicata caíram de 37,6% para 37,2% ao ano e a cobrança de promissórias cedeu de 48,9% para 47,8%, ao contrário do capital de giro que ficou mais caro, de 32,4% para 32,8% ao ano.
De acordo com o relatório, anunciado pelo chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Luiz Sampaio Malan, o spread (diferença cobrada pelo banco entre captação e empréstimo) também diminuiu 0,5 ponto percentual em julho, situando-se na média de 27,5% — a mais baixa desde dezembro de 2004. Enquanto o banco paga 14,6% ao ano na conta de poupança da pessoa física, cobra taxa de aplicação de 54,3% na concessão de empréstimo pessoal; e essa diferença cai de 14,9% para 28,3% quando o contratante é pessoa jurídica.
Em sentido contrário, o Departamento Econômico do BC registrou acréscimo de 0,2 ponto percentual na taxa de inadimplência de julho, situando-se na média de 4,8%. Aumentou de 7,2% para 7,5% no caso de empréstimos pessoais com atrasos superiores a 90 dias, e a inadimplência empresarial evoluiu de 2,3% para 2,4%.