Sempre que a Polícia Federal anuncia o início de alguma operação com nome bizarro, é bom se preparar. E como o nome da última é ?Satiagraha?, podia se esperar um grande fato. Não deu outra: a operação, que investiga desdobramentos do caso mensalão (e ainda tem gente que diz que não existia), prendeu, entre outros, o empresário Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. ?Satiagraha? significa busca da verdade, em sânscrito. A tenacidade era fundamental em uma investigação deste porte.
A Polícia Federal acredita que os presos fazem parte de dois esquemas de corrupção. O primeiro, que seria o de Daniel Dantas, aproveitaria-se do dinheiro do mensalão e de recursos públicos. O segundo, que envolveria Naji Nahas e Celso Pitta, faria a lavagem do dinheiro público.
Os três principais acusados da operação da PF são figuras polêmicas. Nahas foi o protagonista da grande quebra da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, em 1989. Acusado de especular em benefício próprio, Nahas foi afastado do mercado de ações, e virou um investidor ?oculto?, sempre muito próximo do poder.
Dantas é um dos banqueiros mais excêntricos do País. Primeiro, era considerado um economista brilhante, tanto que chegou a ser cotado, por diversos políticos, para ser ministro da Fazenda no início da década. Depois, ao criar o Opportunity e se meter nas privatizações, arrumou inimigos por toda parte. No governo, é amado e odiado na mesma intensidade.
Pitta é um político que ascendeu e caiu rapidamente. Foi eleito prefeito de São Paulo por conta do apoio de Paulo Maluf, e, no exercício do poder, entrou em tantas confusões que o fizeram perder o cargo. Está envolvido em um sem-número de processos, a maioria como réu.
A prisão dos três não significa que sejam culpados. O caso precisa ser analisado com rigor, mas com correção. O importante é ver que há pessoas interessadas em encontrar aqueles que saqueiam o dinheiro público, sejam eles de qualquer casta social ou linha política.
