O esquema de fraudes em obras públicas descoberto pela Operação Navalha, da Polícia Federal, envolve até o momento membros de nove partidos, da base do governo e da oposição: PT, PMDB, PSB, PP, PR, PDT, PSDB, DEM e PPS. Não é novidade que a corrupção no poder público se instale independentemente de cor partidária. Nos dois últimos escândalos políticos, o do mensalão e das sanguessugas, o número de legendas envolvidas foi igualmente elevado.
No caso do mensalão, os 22 parlamentares acusados compunham uma ampla frente suprapartidária, que tinha como objetivo dar apoio ao governo em troca de propinas. Oito legendas foram atingidas. Na máfia das sanguessugas, os 72 deputados e senadores acusados de receber propina para aprovar emendas em favor da compra de ambulâncias superfaturadas representavam nove legendas – dos governistas do PT aos oposicionistas do DEM e do PSDB.
Outro ponto em comum entre os três escândalos (mensalão, sanguessugas e máfia das obras) é a presença do articulador. Saem do cenário Marcos Valério (o publicitário acusado de comprar parlamentares) e a família Vedoin (dona da empresa que fraudava contratos para vender ambulâncias superfaturadas). Entra Zuleido Soares Veras, dono da Construtora Gautama, acusado de pagar propina a membros do Executivo e do Legislativo para obter contratos de obras superfaturadas ou até mesmo fantasmas.