Brasília – A Polícia Federal prendeu até o final da tarde 95 pessoas acusadas de integrar o maior esquema de fraudes sobre importações ilegais já identificado no país. A Operação Dilúvio envolve mais de mil policiais federais e servidores da Receita Federal em oito estados e também em Miami, nos Estados Unidos. As investigações da Operação Dilúvio correm sob segredo de justiça.
Foram 32 presos no Paraná, oito presos no Rio de Janeiro, 32 presos em São Paulo, um preso na Bahia, nove em Santa Catarina, dois no Espírito Santo e um em Pernambuco. Segundo a Polícia Federal, o balanço parcial das apreensões mostra que US$ 500 mil e R$ 360 mil foram apreendidos.
Resultado de dois anos de investigação, a operação identificou o grupo que atuava há cerca de 10 anos, fraudando o valor das mercadorias importadas, sonegando impostos, entre outras ilegalidades. Os empresários atuavam em oito estados brasileiros, principalmente em São Paulo, e nos Estados Unidos.
De acordo com o superintendente da Polícia Federal no Paraná, Jarbas Saad, todos os empresários suspeitos de liderar o esquema já estão detidos. Um deles, que estava em Miami (EUA), já se apresentou voluntariamente e está retornando ao Brasil, onde será preso.
O empresário Marco Antonio Mansur liderava o esquema de fraudes em importações e sonegação de impostos, desarticulado pela Operação Dilúvio. A informação foi confirmada pelo delegado da Polícia Federal de Paranaguá, Paulo Vibrio, coordenador da operação em São Paulo. Segundo o delegado, Mansur encabeçava um grupo empresarial estabelecido em São Paulo, com ramificações em diversos estados.
O empresário e seu filho, Marco Antonio Mansur Filho, foram presos. ?O empresário, em conluio com seu filho, praticaram corrupção passiva de funcionários da Receita Federal e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. E também interposição fraudulenta, blindagem de patrimônio, falsificação ideológica de documento e formação de quadrilha, tudo para burlar a Receita Federal?, explicou o delegado.
Nos últimos dez anos, o grupo liderado por Mansur registrou dezenas de empresas importadoras (conhecidas como tradings) e diversas distribuidoras que intermediavam as operações de forma a ocultar os reais importadores, o que possibilitava realizar uma expressiva redução fraudulenta de tributos.
De acordo com as investigações, o grupo importava os mais diversos produtos, de roupas e alimentos a equipamentos eletrônicos e pneus. As mercadorias chegavam a grandes lojas. A operação pretende rastrear todos os beneficiados com o esquema a partir dos documentos que estão sendo apreendidos.
Entre os "clientes" do grupo, segundo Saad, estão a botique de luxo Daslu e o empresário Law Kim Chong, que já foram apontados como sonegadores em investigações anteriores.