O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse nesta terça-feira (29) que as Nações Unidas esperam dobrar o contingente das forças internacionais no sul do Líbano até sexta-feira. Annan fez as declarações após uma reunião com o ministro da Defesa israelense, Amir Peretz. Durante o encontro, o secretário pediu que Israel levante o bloqueio marítimo e aéreo imposto ao Líbano "assim que possível, para que o país recupere suas atividades comerciais e reconstrua sua economia".
Peretz respondeu que Israel espera levantar o bloqueio em breve, mas não especificou quando isso acontecerá. Israel quer que as tropas internacionais se posicionem na fronteira sírio-libanesa para prevenir o recebimento de armas vindas do Irã, via Síria, pelo Hezbollah. "Os países membros não devem enviar armamentos para o Líbano, a não ser para o governo libanês. Se fizerem isso estarão quebrando a resolução", disse Annan.
Ainda assim, o secretário-geral disse que Israel é o principal responsável pela maioria das violações do frágil cessar-fogo que pôs fim aos 34 dias de combates entre Israel e o Hezbollah. "Todos devem trabalhar para assegurar a estabilidade da paz e não permitir que uma explosão (nas hostilidades) volte a acontecer em seis ou 20 anos", disse Annan.
Israel informou que irá manter seus soldados no sul do Líbano até que um contingente suficientemente forte das tropas libanesas e internacionais chegue à região. Annan disse esperar que a Força Interina da ONU no Líbano (Unifil, na sigla em inglês) tenha 5 mil soldados posicionados na região até sexta-feira. É o dobro do número de homens que havia na região antes da guerra, mas ainda está longe do total de 15 mil soldados previstos na resolução da ONU.
Em suas declarações, Peretz também pediu que a comunidade internacional tome medidas mais duras contra o Irã, um dos países que financia o Hezbollah. Mais cedo Annan visitou a base da Unifil no sul do Líbano, onde prestou homenagem aos 5 funcionários mortos num bombardeio de Israel em 25 de julho.
A força internacional no Líbano começa a tomar forma com grandes contingentes de soldados sendo enviados ao país. A Itália enviou hoje 800 soldados, a França afirmou que terá 900 soldados na região antes do dia 15 de setembro e o Exército espanhol disse hoje que já recebeu ordens para se preparar para ir ao Líbano. O número de soldados espanhóis enviados deve ficar entre 700 e 1000.
Diplomatas da União Européia exortaram hoje nações islâmicas a fazerem substanciais contribuições para a força de paz. Para eles, a participação muçulmana é fundamental para o sucesso da missão. Bangladesh já ofereceu 1.800 efetivos, e a Indonésia e Malásia, 900 cada. Mas Israel ainda não aceitou a contribuição das nações asiáticas já que seus governos não reconhecem o Estado judeu.
