Quase 35 mil civis foram mortos no ano passado no Iraque, revelou nesta terça-feira (16) a Organização das Nações Unidas (ONU). O número aponta para um aumento significativo em relação àquele que havia sido anteriormente informado pelo governo iraquiano. Gianni Magazzeni, chefe da Missão de Assistência da ONU para o Iraque, disse que no ano passado foram mortos no país 34.452 civis e 36.685 ficaram feridos.
Segundo os números divulgados pelo governo iraquiano no início de janeiro, o saldo de mortos civis em 2006 era de 12.357. Quando foi questionado em relação à diferença, Magazzeni disse que os dados da ONU foram compilados a partir das informações obtidas junto ao Ministério da Saúde do Iraque, aos hospitais em todo o país e ao Instituto Médico Legal em Bagdá. "Sem um progresso significativo no Estado de direito, a violência sectária vai continuar indefinidamente e deve entrar numa espiral fora de controle", advertiu.
Magazzeni disse que 6.376 civis foram mortos violentamente em novembro e dezembro – 4.731 dos quais em Bagdá, a maioria em conseqüência de ferimentos à bala. Ele observou que houve uma pequena diminuição em relação aos dois meses anteriores, durante os quais a Missão de Assistência da ONU registrou um total de 7.047 civis mortos. O último relatório bimensal da missão também observou que os números de algumas governadorias locais ainda não foram incluídos no total de dezembro.
Os números foram divulgados quando Bagdá começa a se engajar numa grande operação de segurança, a ser lançada pelo governo iraquiano e pelas forças americanas para dominar a violência sectária desenfreada, que tem aumentado desde o bombardeio a uma mesquita xiita em Samarra, em 22 de fevereiro.
"As causas que estão na raiz da violência sectária estão nas mortes por vingança e na falta de punição por crimes cometidos no passado, como também no crescente sentimento de impunidade pelas violações dos direitos humanos que estão em curso", afirmou a agência, exortando o governo iraquiano a acelerar os esforços para restabelecer a lei e a ordem.
O relatório da ONU também revelou que 30.842 pessoas foram detidas no país até 31 de dezembro, incluindo 14.534 em centros de detenção administrados pelas forças multinacionais lideradas pelos Estados Unidos.