ONU denuncia uso de futebol no tráfico de humanos

O futebol pode estar sendo usado para alimentar redes de tráfico de seres humanos. A Organização das Nações Unidas (ONU) revelou nesta terça-feira (27) o caso de 34 jovens jogadores que foram descobertos depois de três meses de desaparecimento na África. Os atletas tinham recebido de uma agente a promessa de que seriam levados para a Europa para integrar grandes clubes. O caso se transformou em uma crise diplomática e órgãos das Nações Unidas tiveram de se envolver na crise para garantir que os jogadores pudessem voltar a suas casas na Costa do Marfim.

"Esse é apenas a ponta do iceberg. Um número cada vez maior de africanos são enganados com promessas de sucesso e fama. Mas acabam em situações em que ficam sem documentos, sem passaporte e sem dinheiro em vários locais do mundo", afirma a Organização Internacional de Migrações, agência da ONU que se ocupa do fluxo de pessoas e acredita que vários casos similares estejam ocorrendo nos países pobres.

No caso revelado nesta terça-feira, os jogadores receberam os convites para jogar na Europa e eram todos de um bairro pobre na capital da Costa do Marfim, Abidjã. Os pais desses jovens chegaram a pagar cerca de US$ 600,00 aos supostos agentes dos clubes europeus para que as transações pudessem ocorrer.

Mas os jogadores nem sequer chegaram à fronteira da Europa. Os 34 atletas, entre 16 e 18 anos, foram levados a uma cidade no sul do Mali e impedidos de sair de uma casa por três meses. Segundo a Unicef – órgão da ONU que cuida de crianças -, os jogadores dormiam no chão e pouca comida era dada aos jovens durante os três meses. Segundo a entidade ligada à ONU, o presidente do clube onde os atletas jogavam, o Yopougon, e os agentes foram presos e serão julgados.

Sonho destruído

"Muitos jovens olham para essas propostas como uma solução para escapar de suas vidas miseráveis e estão dispostos a correr riscos", afirmou a porta-voz da Organização Internacional de Migrações. "O sonho desses jovens foi destruído", afirmou Vivianne Van Hoeck, especialista da ONU que acompanhou o retorno dos jogadores a seus pais.

Segundo ela, o mais provável é que esses jogadores seriam usados em várias formas de exploração de crianças. A ONU agora ajudará o governo da Costa do Marfim na reintegração dos jovens e ainda criará uma campanha para alertar os jogadores de que esses riscos de contratos falsos são reais. "Muitos jovens dos países em desenvolvimento estão desesperados por sair de suas cidades e ir jogar na Europa. Mas a verdade é que nem sempre o sonho acaba bem", completa a entidade internacional.

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