A tendência de aumento do consumo de drogas no país apontada por pesquisas do governo foi confirmada pelo relatório ?Drogas Ilícitas ? Tendências Globais 2003? divulgado hoje, mundialmente, pelo Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), na sede da ONU, no Palácio do Itamaraty, no Rio. Os dados, atualizados com base em informações recebidas dos países-membros em 2000 e 2001, sobre a população com mais de 15 anos de idade, mostram a mudança de eixo no crescimento do consumo.
A pesquisa revela tendência de baixa no consumo nos Estados Unidos e na Europa, que tiveram um pique muito grande entre as décadas de 80 e 90. No Brasil, o consumo é considerado moderado, mas com tendência de alta e com índices sempre inferiores aos dos Estados Unidos e da Europa, em todos os tipos de drogas.
O relatório aponta crescimento de 4,2% para 4,7% no uso abusivo de drogas ilícitas no mundo, entre a população acima de 15 anos. Isso que representa cerca de 200 milhões de pessoas, contra 180 milhões encontradas na pesquisa anterior, consumindo cannabis (maconha ou haxixe) e anfetaminas, especialmente o ecstasy.
A maconha é a droga mais usada um mundo e o número de usuários passou de 147 milhões, no período 1998-2000, para 163 milhões, de 2000 a 2001. No entanto, o ecstsy foi considerado a droga de consumo mais crescente, já que 63% dos países informaram o aumento do abuso dessa substância em seus territórios. Os opiáceos (ópio, heroína e morfina) continuam sendo as drogas mais problemáticas para a saúde pública, registrando dois terços dos casos de tratamento de dependência química na Ásia, Europa e Oceania, que representam 75% da população mundial.
Sobre o consumo de maconha, que tem tendência de alta desde 1996, o Brasil aparece em segundo lugar na América do Sul, perdendo apenas para a Venezuela, embora no âmbito mundial, fica abaixo dos Estados Unidos, África, Caribe e Oceania e diversos países da Europa. No continente, o Brasil lidera as ações de erradicação do cultivo da maconha e de apreensão da droga (146 toneladas em 2001), mas não registra referência à produção de cocaína, opiáceos e anfetanimas.
O país aparece em 9º lugar no consumo de cocaína. Na América do Sul, o maior contingente de usuários é na Argentina, em seguida, na Colômbia e na Nicarágua. O tráfico de cocaína no país aumentou de 2% para 3%, se considerado o total de apreensões no continente americano, e o de maconha manteve o percentual de 3%.
O Brasil também é citado no relatório como ponto de reembarque de produtos químicos usados na fabricação da cocaína e destinados à Colômbia, Bolívia e Peru. Junto com a Venezuela, o país é apontado como corredor aéreo para a cocaína produzida na região andina e destinada aos Estados Unidos e Europa. O relatório informa que 70% da cocaína apreendida no Brasil foram produzidos na Colômbia.
O relatório da ONU destaca como ?boas notícias? o fato de a Bolívia estar se transformando em uma fonte produtora de cocaína quase insignificante e a redução de 60%, no Peru, da produção da folha de coca desde 1995. Sobre o consumo, nos Estados Unidos, considerados o maior mercado consumidor de cocaína do mundo, o uso da droga é 15% menor do que em 1998 e 60% menor do que em l985. No caso da maconha, o consumo naquele país é hoje 10% menor entre estudantes do ensino médio do que era em 1997 e 30% menor do que no final dos anos 70.
ONU confirma tendência de aumento do consumo de drogas no País
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