Sobrevôos israelenses sobre o Líbano são uma violação da resolução de cessar-fogo da Organização das Nações Unidas (ONU) e, se esforços diplomáticos em curso não conseguirem parar com as incursões, a força deveria ser considerada, afirmou nesta quinta-feira (19) o chefe das forças de paz das Nações Unidas no Líbano.
O major-general Alain Pelligrini disse que a França mobilizou mísseis antiaéreos para o sul do Líbano, mas por enquanto o armamento só pode ser usado para a proteção dos soldados franceses compondo a força da ONU.
Segundo ele, novas regras de engajamento têm de ser formuladas para permitir o uso da força contra aviões de Israel. Os sobrevôos têm provocado atritos entre Israel e o Líbano.
O ministro da Defesa israelense, Amir Peretz, afirmou segunda-feira num comitê parlamentar que soldados de paz da França no Líbano advertiram que jatos de Israel não continuarão imunes caso continuem a violar o espaço aéreo libanês.
Israel alega que os sobrevôos não contradizem a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que inclui o cessar-fogo que pôs fim a 34 dias de confrontos entre o Estado judeu e as guerrilhas do Hezbollah em 14 de agosto. A resolução exige que os dois lados respeitem os limites conhecidos como Linha Azul, estabelecidos pela ONU depois do fim de 18 anos de ocupação por Israel do sul libanês em 2000. Pelligrini, um francês, discorda do entendimento de Israel.
"São violações porque você tem um jato estrangeiro cruzando primeiro a Linha Azul e entrando no espaço aéreo libanês", ponderou. Pela Resolução 1701, continuou, capacetes azuis da ONU têm "a tarefa formal de monitorar a Linha Azul e um jato estrangeiro cruzando a Linha Azul é uma violação".
Pelligrini disse que as violações aéreas israelenses são "nossa maior preocupação", apesar de o número ter diminuído um pouco, e todas elas são imediatamente relatadas ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e um protesto é enviado aos israelenses.
"No momento, não temos outra forma de evitar esse tipo de violação que não seja o diálogo e a diplomacia", frisou. "Se os meios diplomáticos não forem suficientes, talvez devam ser consideradas outras formas, nunca sabemos". Perguntado se deveria ser considerado o uso da força contra os jatos israelenses, ele respondeu: "Poderia ser. Poderia ser". Mas para isto, adiantou, novas regras de engajamento devem ser estabelecidas pela ONU. Além da violação do espaço aéreo, informou Pelligrini, não tem havido outras violações do cessar-fogo em campo.