Brasília – Quatro adolescentes e dois policiais militares foram assassinados em Fortaleza em um conflito que pode ser mais uma confirmação da existência de grupos de extermínio no Ceará. A denúncia foi feita por entidades cearenses de defesa de direitos humanos, em reunião esta semana com a Secretaria Especial de Direitos Humanos. As organizações não governamentais (ONGs) pedem que o governo federal investigue os assassinatos. O pedido foi feito pelo pelo Centro de Defesa da Criança e Adolescente (Cedeca) e pelo Instituto Brasileiro de Defesa da Cidadania (Ibradec).

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Os assassinatos que deixaram, ao todo, seis mortos começaram em 17 de julho, segundo Patrícia Cardoso, assessora jurídica do Cedeca. Naquele dia, um policial militar foi assassinado ao reagir a assalto. Na mesma noite, um adolescente que havia sido preso também foi morto: um grupo de seis homens encapuzados invadiram uma Unidade de Internação da Secretaria de Assuntos Sociais do Ceará onde a vítima estava sob custódia.

No dia seguinte, outro policial foi morto quando estava chegando à casa da namorada. À noite, um grupo de homens encapuzados invadiu as casas de três adolescentes para matá-los.

?Pedimos que seja garantida toda a proteção aos familiares das vítimas e as testemunhas?, afirmou Patrícia Cardoso. A assessora também contou que ela e um advogado que faz parte da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados no Brasil (OAB) do Ceará foram ameaçadas por telefone.

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O Ceará possui casos recentes de suspeita de grupos de extermínio. Uma investigação do Ministério Público cearense apontou a existência de uma milícia privada, formada por policiais em horário de folga, que trabalhava para a rede de farmácias Pague Menos. O grupo teria assassinado cerca de 30 pessoas, entre 2000 e 2002. Ano passado, a delegada Cândida Brum foi afastada do cargo após uma gravação telefônica, autorizada pela Justiça, mostrar que ela negociou o assassinato de um jovem suspeito de assalto à farmácia.

Além do grupo que servia às farmácias Pague Menos, foi identificado, no ano passado, um grupo de extermínio que atuava na região do Cariri, sul cearense. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grupos de Extermínio identificou a execução de 57 mulheres de 2001 a 2003. Segundo a CPI do Congresso Nacional, o grupo era formado principalmente por policiais militares. Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria de Segurança Pública do Ceará não concedeu entrevista.

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