Deslizamentos em áreas de encostas, totalmente ocupadas pela expansão habitacional em cidades da região Sudeste, voltaram a fazer inúmeras vítimas fatais entre os moradores, além dos milhares de desalojados de suas casas pela iminência de novos desastres.
Rodovias interditadas e pontes avariadas, impedindo o deslocamento de outros milhares de cidadãos, enfim, prejuízos financeiros sem conta são também componentes inevitáveis do quadro recorrente em vários pontos do País na estação das chuvas. Amontoa-se o estrago causado pelas forças da natureza e faltam as providências dos governantes.
Há falhas gritantes na cadeia de poder, das prefeituras municipais ao governo central, sem deixar de atribuir pesada parcela da responsabilidade aos governos estaduais, quase sempre omissos ou lenientes em exigir dos gestores municipais, mediante a fiscalização dos órgãos destinados a controlar a ocupação dos espaços físicos, rigorosa obediência.
Seres humanos morrendo sob toneladas de lama e pedras constituem um doloroso resquício da realidade da ausência de governo, justamente onde ele é mais necessário. É inconcebível imaginar que não haja forma de evitar que pessoas vivam em condições tão precárias e tenham sua dignidade aviltada pela moeda da insensibilidade.