Em um de seus discursos mais conciliatórios, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, disse nesta segunda-feira (27) que, se forem retomadas as negociações de paz, estará pronto para garantir aos palestinos um Estado soberano, a libertação de prisioneiros e o desbloqueio de milhares de dólares em fundos palestinos, retidos desde o início do ano. As declarações foram feitas num momento em que é grande a pressão internacional para que israelenses e palestinos retomem o processo de paz, paralisado há seis anos. Os dois lados também tentam manter o cessar-fogo na Faixa de Gaza, que está em vigor desde domingo e pôs fim numa ofensiva militar de cinco meses.

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"Estendo minha mão pela paz para nossos vizinhos palestinos, na esperança de que ela não voltará vazia", disse Olmert, durante uma cerimônia em memória do fundador de Israel, David Ben-Gurion no deserto de Negev. Segundo o premiê israelense, o futuro Estado palestino teria "soberania absoluta, fronteiras definitivas e continuidade territorial". Ele também prometeu remover os assentamentos israelenses da Cisjordânia em troca de "uma paz autêntica e a renúncia ao retorno dos refugiados palestinos a Israel". A libertação dos prisioneiros palestinos estaria condicionada à entrega do soldado israelense Guilad Shalit, capturado em junho deste ano.

Nesta segunda-feira, militantes palestinos lançaram dois foguetes contra Israel a partir da Faixa de Gaza. O ataque foi uma retaliação à uma ofensiva israelense na Cisjordânia, que deixou dois mortos, mas não conseguiu romper a trégua na região. Autoridades do grupo islâmico Hamas, que domina o governo palestino, se mostraram céticos sobre as declarações de Olmert e exigiram o fim da ação israelense também na Cisjordânia. "Isso é uma manobra. Olmert está falando em Estado palestino sem dar detalhes sobre as suas fronteiras", disse o porta-voz do grupo, Ghazi Hamad.

De acordo com a rádio Voz Palestina, porém, Olmert e o presidente palestino, Mahmud Abbas, do partido laico Fatah, podem se encontrar ainda esta semana. Também nesta segunda-feira, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou duas resoluções criticando Israel: por sua anexação das Colinas de Golan (da Síria) e por construir colônias nos territórios ocupados palestinos. Apenas o Canadá votou contra as resoluções.

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