FHC continua fazendo das dele. Menos de noventa dias antes de apear do poder e há apenas quatro dias das eleições, deixou bem claro porque teve garantido o apoio da maioria da imprensa nacional, durante os oito anos do seu (dele) (des)governo. O Diário Oficial da União publicou na quarta-feira 2/10 a Medida Provisória n.º 70, que regulamenta a participação do capital estrangeiro nas empresas de comunicação do Brasil (rádio, TV, jornais e revistas).

A matéria – polêmica e controvertida – tinha sido aprovada em maio passado na Câmara e no Senado Federal, mas dependia de regulamentação do Congresso. Com a chegada das eleições e a chance real de Lula levar já no primeiro turno ou, na pior das hipóteses, vencer no segundo, FHC apressou-se. Sapecou uma das suas (dele) famigeradas MPs e, sem o menor constrangimento, abriu as portas do mercado para a recapitalização da mídia brasileira, que se encontra, quase toda, devidamente quebrada.

Outro desavergonhado é o ministro das Comunicações, um certo Juarez Quadros, que teve a coragem de confessar que a providência foi tomada “em razão da relevância e urgência da regulamentação”. Disso não há a menor dúvida. Sobretudo diante da ameaça petista.

O ato de pronto-socorro tem, como se sabe, validade de 120 dias, mas desse prazo deverá ser descontado o recesso parlamentar. Assim, durante todo o corrente ano e até a posse dos novos deputados e senadores, terá plena validade. E os grandes grupos da mídia suspirarão aliviados. Particularmente pela possibilidade de participação dos fundos de investimento e de pensão no capital das empresas. “É uma espécie de Proer das companhias de comunicação”, denuncia a revista CartaCapital, a única a noticiar o fato. Todas as demais silenciaram. Inclusive Época que, na edição de 7 de outubro, auto elogia-se de haver sido a publicação mais isenta na disputa presidencial, com o índice de parcialidade de apenas (!) 19,22%.

Aliás, segundo registrou a Folha de S. Paulo, ainda no domingo 6, os grupos Abril e Globo eram os que mais torciam pela regulamentação via MP. A Folha destaca que os jornais O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil também saudaram, em editoriais, a chegada da regulamentação.

“Nos próximos 20 dias será possível medir se a gorda cenoura balançada pelo governo produzirá o efeito desejado nos telejornais, revistas, jornais e emissoras de rádio” – previne CartaCapital. Olho vivo, cidadãos!

E depois os meus amigos ainda querem me impedir de escrever que Lula ganhou no primeiro turno e teve a eleição garfada! Pois já está escrito. Poderá ser paranóia do acima assinado, mas não custa meditar um pouco a respeito. Anote aí, leitor: urnas eletrônicas falsificadas foram encontradas espalhadas pelo País, um pouco antes das eleições; o candidato petista, que ultrapassara a casa dos 49% nas pesquisas da véspera do pleito e de boca de urna, estranhamente empacou nos 46% durante toda a apuração; depois, chegou a perder índice sem que nenhum outro candidato o houvesse ganho; durante o pleito, tido como o “mais bem aparelhado de todos os tempos”, houve uma quebradeira de urnas eletrônicas, tão exaustivamente testadas e cantadas em prosa e verso pela Justiça Eleitoral; por volta das 23h do domingo, quando todo mundo já discutia os resultados, ainda havia gente votando; em São Paulo e no Rio, a zero hora da segunda-feira, as apurações continuavam ao redor dos 40% do total; na capital paulista, houve momento em que menos de um por cento dos votos demorou mais de uma hora para ser contabilizado; o resultado do pleito foi solenemente anunciado, na tarde de segunda-feira, antes da conclusão definitiva das apurações.

Quer mais um motivo para a desconfiança? Aí vai: todo o processo eleitoral foi presidido pelo ex-deputado e ex-ministro efeagaciano Nelson Jobim, peemedebista de carteirinha e amigo íntimo de FHC e José Serra.

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