Os critérios supervenientes da visão paroquiana que orienta os interesses das esferas dominantes da política brasileira também se fizeram presentes na recente mudança de titulares de diretorias importantes da Petrobras.
E ao se falar de grupos dominantes, deve-se descartar para início de conversa a coloração partidária ou ideológica da facção eventualmente no poder, tendo em vista a indubitável relação siamesa entre as medidas atuais e as pretéritas, aliás, sempre rotuladas como condenável retrocesso pela nova classe dirigente.
A nomeação do ex-senador José Eduardo Dutra para a presidência da BR Distribuidora resultou da barragem erguida pelo PT de Sergipe para conter o assédio do PMDB, maior partido da base governista, também de olho gordo no cargo. Para mostrar o sucesso da empreitada, prestigiaram a posse de Dutra, que presidiu a estatal no primeiro governo Lula e saiu para disputar, e perder, uma vaga no Senado, o governador Marcelo Deda (PT), o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PCdoB), o senador Antônio Carlos Valadares (PSB) e uma pletora de políticos sergipanos.
Para a Diretoria de Gás e Energia, no lugar até agora ocupado pelo engenheiro Ildo Sauer, uma das mais eminentes autoridades no setor de energia, foi indicada Maria das Graças Foster, segundo se apurou, uma das mais esforçadas assessoras da ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Dilma Rousseff.
Dutra afirmou não estar magoado pela conotação estabelecida entre sua volta à Petrobras e a disputa política por cargos importantes no governo e tampouco admitiu ter recebido um prêmio de consolação. A nação respirou aliviada.