Incrível, mas verdadeiro! Afirmava uma autoridade da área do ensino que aceitava a Educação a Distância (EaD), conquanto não fosse para a educação básica, graduação ou pós-graduação, mas apenas como “ensino livre” ou “complementar”. E este não é um pensamento isolado. São numerosos os educadores, muitos dos quais se crêem “progressistas”, que se opõem à EaD com base em argumentos emocionais escondidos sob uma casca ligeiramente ideológica (ou “principiológica”). A História nos ensina que a mesma reação acompanhou o surgimento do livro impresso, que ameaçou os procedimentos orais de ensino.

Ora, neste novo século, a influência das comunicações, da eletrônica e da informática (as chamadas novas TIC -“Tecnologias de Informação e Comunicação”), penetra todos os aspectos da vida cotidiana, incluído o educativo. As TIC ocasionaram a modificação da elaboração e distribuição dos meios de informação, produzindo novas possibilidades de expressão, ao lado de um vertiginoso desenvolvimento da extensão e profundidade da informação. É verdade que o entusiasmo acrítico com que essa nova realidade midiática foi aceita, relacionada com a idéia neoliberal de “excelência” e seus critérios de racionalidade, eficiência, produtividade e controle de processos, levou não poucos intelectuais a olharem com desconfiança e pessimismo o uso das TIC na educação.

As mudanças tecnológicas têm sido tão rápidas e profundas que as pessoas não têm tido tempo suficiente para assumi-las criticamente. Mas, não é acertado aceitar que perdure uma oposição intransigente que se recuse a ver que as tecnologias de informação e comunicação farão, cada vez mais, parte do contexto no qual desempenhamos nossa tarefa docente. A LDB (Lei n.º 9.394/96) abriu caminho para que, à exceção do ensino fundamental, todos os níveis e modalidades de ensino possam ser ministrados por meio das TIC. A EaD deixa de ser um “experimento” para se tornar um dos caminhos possíveis para que o Estado e a sociedade cumpram seus compromissos com o ensino.

Um olhar atento para o panorama mundial deixa antever uma profunda mudança nos paradigmas educacionais. As barreiras entre “ensino presencial” e “a distância” tornam-se, cada dia, menos delineadas, já que o uso das novas tecnologias, ao colocar o ensino no âmbito da modernidade, constitui real oportunidade para a superação das limitações de tempo e espaço e, ao mesmo tempo, permite uma nova qualidade nas possibilidades formativas. Como afirma o secretário de EaD do MEC, João Carlos Teatini: “Creio que a discussão em torno da complementariedade ou substituição entre educação a distância e presencial esteja superada”. Não é utopia imaginar-se que, mais cedo que se pensa, a educação superará tais barreiras, num processo no qual alunos e professores incorporam as tecnologias no ensino como recurso sistemático. Isto explica que num país como Cuba, o governo venha despendendo enormes esforços para inserir a EaD como um das formas regulares de oferta de acesso da população à educação, definindo novos papéis e funções e construindo “novos cenários de aprendizagem abertos isentos das limitações da escola tradicional” (Florido Bacallao, Centro de Referência para a Educação Avançada – Cuba).

Teofilo Bacha Filho é vice-presidente do Conselho Estadual de Educação do Paraná.

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