A CPI dos Bingos decidiu reconvocar o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamoto, para uma acareação na próxima terça-feira com o economista Paulo de Tarso Venceslau, ex-petista que o acusa de comandar um esquema de caixa 2 em prefeituras do PT. A acareação estava inicialmente prevista para hoje, mas foi suspensa por força de uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a quarta obtida por Okamoto desde que começou a ser investigado pela CPI.
Para dar a nova liminar, o ministro do STF Eros Grau se ateve a um detalhe do requerimento da CPI. Identificou um "desvio de finalidade" no texto do comissão, já que Okamoto é convocado para um depoimento, e não uma acareação. O texto, porém, é o mesmo usado pelo comissão para promover as demais acareações realizadas, sem que tivesse havido nenhum tipo de contestação.
A liminar foi critica por parlamentares. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) disse que uma palavra errada não é motivo suficiente para suspender uma acareação. Ele sugeriu que os dirigentes da CPI conversem com os ministros do Supremo sobre a necessidade de dar prosseguimento à investigação contra Okamoto. O presidente da CPI, Efraim Morais (PFL-PB), afirmou que ele e o relator Garibaldi Alves (PMDB-RN) vão procurar Eros Grau "para mostrar a importância que esta acareação tem para a CPI". O líder do PFL, senador José Agripino (RN), se ofereceu a ir ao STF para propor que daqui para frente os ministros ouçam os argumentos da comissão, antes de conceder liminares em favor dos convocados.
Como a decisão do STF só foi divulgada na noite de ontem não houve tempo de comunicar a decisão a Venceslau, que compareceu à comissão pela segunda vez. Quando depôs pela primeira vez, ele acusou Okamoto de, para irrigar as finanças do PT, achacar empresários que mantinham negócios com as prefeituras controladas pelo partido. Okamoto se defendeu, também em depoimento, dizendo que Venceslau "agia movido por paixões".
Suas explicações sobre o fato de ter quitado uma dívida do presidente Lula com o PT, de R$ 29 mil, foi recebida com ressalvas pelos senadores. Okamoto também aparece como pagador dos R$ 26 mil devidos pela filha de Lula, Lurian Cordeiro, na vez que em que ela candidatou ao cargo de vereadora de São Bernardo do Campo.
Antes da liminar de Eros Grau, Okamoto foi beneficiado por três outras, todas elas de iniciativa do ministro César Peluso proibindo a CPI dos Bingos de investigar o seu sigilo bancário, fiscal e telefônico.