Cuiabá (AE) – Oito pessoas foram presas hoje em Mato Grosso acusadas de participação em um esquema de grilagem de terras indígenas, formação de quadrilha e genocídio. Um dos detidos na Operação Rio Pardo, da Polícia Federal, é Oscar Martins, presidente da Agência Municipal de Habitação de Cuiabá. A Justiça Federal expediu 70 mandados de prisão temporária e 90 mandados de busca e apreensão nos Estados de Mato Grosso, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Paraná.
O juiz federal Julier Sebastião da Silva informou que os acusados são empresários, madeireiros e grileiros. A Operação Rio Pardo é um desdobramento da Operação Curupira, que em junho prendeu 80 pessoas acusadas de desmatamento, extração e venda ilegal de madeira na Amazônia. De acordo com Julier, a ação da quadrilha "não é somente um crime doloso, mas envolve morte e também extermínio de raça, que é um evento grave". O objetivo das prisões é preservar o andamento das investigações e desarticular o esquema de grilagem de terras indígenas no norte de Mato Grosso.
Um grupo de pelo menos 15 índios da etnia Tupi Kayahib vive isolado no norte de Mato Grosso. A etnia pode ser extinta por causa da invasão de terras promovida por grileiros na região. Há pelo menos cinco anos, grileiros, fazendeiros e madeireiros vêm invadindo uma área localizada às margens do rio Pardo, no município de Colniza (a 1.165 quilômetros de Cuiabá). "Genocídio não é só matar, mas também destruir o ambiente em que eles vivem", afirmou o juiz. Julier lembra que a Fundação Nacional do Índio (Funai) conhece a etnia que vive na área . De acordo com o chefe do órgão em Juína, Antônio Carlos Ferreira de Aquino, estes índios vivem isolados.