Na segunda-feira, eles desfilaram pelas ruas de Roma como os novos heróis do país. No começo da noite de ontem, souberam que seu destino é disputar a Série B, dentro de dois meses – se continuarem em suas respectivas equipes. As punições da Comissão de Apelo Federal da Federação Italiana de Futebol atingiram oito campeões do mundo: Buffon, Zambrotta, Camoranesi, Del Piero e Cannavaro (capitão do tetra), todos da Juventus. Também caem de divisão Peruzzi e Oddo, da Lazio, além do artilheiro Luca Toni, da Fiorentina. Sobrou até para Emerson, que joga na Juve.

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Cesare Ruperto, chefe da comissão especial encarregada do processo, aparentemente pouco se importou com o momento de euforia do calcio. Desde o retorno triunfal da delegação que foi à Alemanha, despontaram, aqui e ali, manifestações em favor de abrandamento das penas ou simplesmente de anistia, em nome da ?alegria e da união nacionais?. Ruperto em nenhum momento deu a entender que se deixaria influenciar pelo clima de comoção.

Ele teve respaldo da ministra dos Esportes, Giovanna Melandri, do primeiro-ministro Romano Prodi e de Guido Rossi, interventor da Federação Italiana de Futebol e veterano da Operação Mãos Limpas, movimento jurídico-policial que nos anos 90 combateu a máfia. ?Há evidências fortes de corrupção no futebol, que envolvem dirigentes, empresários e árbitros?, afirmou Rossi no meio da semana. Ele dava, assim, a pista de que não haveria nenhuma acomodação. Políticos da situação também foram contra acordos.

As sentenças de ontem fecham ciclo aberto em maio, quando surgiram nos jornais italianos as primeiras notícias de que estavam sendo investigadas irregularidades no futebol. Apontava-se que Luciano Moggi, então todo-poderoso dirigente da Juventus, era chefe de grupo que tinha influência sobre as arbitragens.

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O escândalo provocou a queda de Moggi, Antonio Giraudo (também alto executivo da Juve), Franco Carraro (presidente da Federação Italiana de Futebol), Pierluigi Pairetto (responsável pelo setor de arbitragens) e até de Massimo de Santis, um dos árbitros italianos escalados no Mundial da Alemanha, também envolvido nas falcatruas. Rossi, interventor da Federação, criou grupo de investigação, chefiado por Francesco Borrelli, e a Comissão de Apelo Federal, que ficou com Cesare Ruperto. Essa comissão é que apresentou as sentenças.

Os clubes prometem recorrer – o Milan perdeu 44 pontos no calcio 2005-2006 -, assim como alguns dos ilustres condenados. Moggi e Giraudo pegaram cinco anos de suspensão, com pedido de banimento definitivo; Claudio Lotito (presidente da Lazio) levou gancho de 3 anos e meio e quase foi agredido ontem por torcedores do clube em Roma; Massimo de Santis fica 4 anos e meio se apitar (na prática, é fim de carreira); e Pierluigi Pairetto (que chegou a apitar jogo no Campeonato Paulista no fim dos anos 90), está afastado por 2 anos e meio.

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