A Organização Internacional do Trabalho (OIT) está empenhada em mudar a ?cultura? de que é ?normal? crianças trabalharem no Brasil, independente de cor ou do sexo. A avaliação é do coordenador do projeto para a prevenção e eliminação o trabalho infantil da OIT, Renato Mendes.
Presente ao seminário ?Direitos Humanos e Erradicação do Trabalho infantil: o enfrentamento das disparidades de gênero e étnico-raciais? ? que está sendo realizado hoje e amanhã (30) na sede da Organização Pan-Americana de Saúde em Brasília (OPAS/OMS), Renato Mendes falou sobre o que chamou de ?as graves conseqüências? do trabalho infantil, apontando para a necessidade de se criar mecanismos de amparo ao menor trabalhador, bem como à sua família.
?As conseqüências são imediatas na saúde de uma criança que trabalha?, disse ele, explicando os motivos pelos quais a criança sofre mais que um adulto, por exemplo, em uma agricultura que trabalha com agrotóxicos. ?Primeiro, porque a pele das crianças é mais fina do que a do adulto e tem mais capacidade de absorção?, argumentou. Ele lembrou que também o batimento cardíaco das crianças é muito maior do que do adulto. ?Então, a capacidade de assimilação do agrotóxico é maior?.
No caso, ainda mais grave, narrou ele, ?uma menina tem maior risco de contaminação do que o próprio menino, uma vez que a maioria dos agrotóxicos é liposolúvel, ou seja, a menina tem uma maior massa de gordura no corpo e o agrotóxico se dissolve mais facilmente”.
Essas são apenas algumas das conseqüências. Mas, segundo Mendes, existem outras. ?A menina que enfrenta o trabalho doméstico tem até três anos de atraso escolar, os meninos até um ano?, argumentou. Mendes salientou ainda que o menino da raça negra que está exposto ao trabalho infantil tem maior dificuldade na sua adolescência e juventude de conseguir trabalho. ?Os estudos da OIT têm demonstrado que os meninos e as meninas da raça negra que foram expostos ao trabalho infantil hoje engrossam as filas dos desempregados no Brasil?, afirmou.

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