O ciclo da oferta de crédito que levou a um crescimento significativo do consumo de bens duráveis no País ainda tem fôlego para aquecer o mercado doméstico, avaliam instituições diferentes como a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), a Fecomércio-RJ e o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Somente de agosto do ano passado até igual mês de 2004, o volume de crédito pessoal para pessoas físicas cresceu 38% no País, informou a Acrefi.
Especialistas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Confederação Nacional do Comércio (CNC) chamam a atenção, contudo, para o perigo de um esgotamento da capacidade de endividamento das famílias brasileiras, que estaria desacelerando o aumento das vendas do varejo.
Dados divulgados nesta semana pelo IBGE mostraram que as vendas do varejo cresceram 7,53% em agosto ante igual mês do ano passado, com forte desaceleração ante o aumento de 12,04% registrado em julho e as expansões de dois dígitos que vinham ocorrendo desde março.
A avaliação do técnico do instituto, Nilo Lopes, é que os consumidores chegaram a um limite do endividamento, já que o consumo de duráveis vem sendo alavancado pelo crédito. Ele chamou a atenção, entretanto, que é preciso esperar pelo menos mais uma divulgação de pesquisa de comércio para avaliar melhor essa tendência.
Se depender da análise do presidente da Acrefi, Erico Sodré Quirino Ferreira, a tendência diagnosticada pelo IBGE não será confirmada. Enquanto em países de Primeiro Mundo o crédito corresponde a 150% do Produto Interno Bruto (PIB), no Brasil esse porcentual não ultrapassa 25%. “Estamos longe de um limite” avalia.
Para ele, nem mesmo os recentes aumentos na taxa básica de juros (Selic) poderão reverter essa trajetória de crescimento. “Se alguém compra um automóvel de 10 mil reais financiado e a taxa aumentar em 1% ao ano, a prestação vai mudar muito pouco”, argumentou.

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