A construção da Linha 4 (Amarela) do metrô avança. A preocupação dos vizinhos dos canteiros de obras também. Na região do Butantã zona oeste de São Paulo, as rachaduras das casas próximas ao poço de ventilação da Avenida Três Poderes crescem a cada nova detonação de explosivos. O Consórcio Via Amarela, responsável pela obra, afirmou que não há risco de uma nova tragédia, como a ocorrida no dia 12 no canteiro da Estação Pinheiros, e prometeu reformar os imóveis.
Até a obra para deixar as casas em perfeito estado, alguns moradores vão ter que ficar fora delas, como é o caso da aposentada Guiomar de Aragão, de 82 anos. Ela reside na Rua Tiapira há quase 40 anos e, depois que as paredes começaram a apresentar rachaduras, foi obrigada a deixar a residência
Há dois meses dormindo em um flat, no Itaim-Bibi, zona sul, todos os dias Guiomar volta à casa no Butantã para verificar se tudo ainda está no lugar. A cada dia, ela tem uma surpresa. ?Na sexta-feira quando cheguei aqui, um armário da sala tinha caído em cima de uma poltrona?, contou a aposentada
As trincas abertas desde o começo da construção da linha, há um ano e meio, cortam de cima a baixo as paredes da casa de Guiomar. Um buraco também se abriu na parede que divide a cozinha do banheiro. ?Agora está começando a afundar a varanda?, afirmou a aposentada. Para não correr riscos, Guiomar se comprometeu a dormir no flat
Todos os dias, pela manhã, ela arruma duas malas com roupas para lavar na antiga casa. ?Aqui tem sol?, justificou. Ela não reclamou do conforto do hotel, mas disse esperar ansiosa o momento de voltar definitivamente, ou então, encontrar um outro imóvel na mesma região para se mudar.
