O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, disse nesta quarta-feira (27) que a entidade poderá voltar a analisar a possibilidade de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no próximo ano, se o presidente for reeleito. "Se houver um clima para tanto, em face de algumas evidências que possam ser encontrar ou um grande debate dentro da instituição, isso (pedido de impeachment) pode voltar à tona" disse. Busato afirmou também que seria prudente se houvesse um segundo turno na disputa pelo Palácio do Planalto.
Na quinta-feira passada, ainda sob o impacto do escândalo do dossiê, Busato afirmou que a proposta de impeachment poderia ser analisada "depois das eleições". Em maio a entidade rejeitou a proposta de pedido de impeachment de Lula feita com base nas denúncias envolvendo o mensalão.
Para Busato, um segundo turno aumentaria as chances para que as circunstâncias do dossiê Vedoin fossem esclarecidas antes de o eleitor escolher o novo presidente. "Um segundo turno seria bastante prudente para toda a sociedade. Primeiro porque traria tempo para se esclarecer toda essa situação. Segundo porque obrigaria uma tomada de compromissos com todos os segmentos políticos brasileiros por parte dos dois candidatos que tivessem a melhor condição no primeiro turno", disse.
Objetivo ilícito
Busato classificou como difícil a situação vivida pelo presidente Lula. "É uma situação difícil que o próprio presidente se vê envolvido por atos de pessoas a ele ligadas, ligadas ao Palácio do Planalto. Esse é um quadro que, realmente, não se esperava para o final da campanha para o primeiro turno", avaliou.
Para o presidente da OAB, está claro que o dinheiro do dossiê Vedoin foi usado de forma indevida. "Atrás desse dinheiro, venha da onde vier, qual seja a sua origem, se for moeda estrangeira ou nacional, evidentemente que teve um uso ilegítimo, ilegal. Portanto, a origem, a forma como foi conseguida fica superada pelo objeto ilícito para o qual estava sendo usado", disse.