Segundo Edísio Souto, o quadro, em quase todos os manicômios visitados “é de extrema preocupação”. O relatório informa que foram encontrados pacientes nús em regiões frias, hospitais tratando doentes mentais como presidiários, em enfermarias fechadas com grades e cadeados, hospitais sem plantões médicos no fim de semana, alguns sem terapeutas ocupacionais, e hospitais sem medicamentos indispensáveis aos tratamentos. “Faz-se de conta que se trata, quando na verdade, sem esses profissionais e sem medicamentos não se está tratando ninguém”, afirma Souto.
O relatório final será encaminhado ao Ministério da Saúde. De acordo com o presidente da comissão, o ministério sinalizou, em nota, que fará inspeção nas unidades psiquiátricas do país. Ainda segundo Souto, diretores de hospitais psiquiátricos reclamam do pagamento do Sistema Único de Saude (SUS) pelas internações nessas unidades e isso também será discutido com o Ministério.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB aponta como o maior problema a inexistência de fiscalização nessas unidades hospitalares. “Está faltando fiscalização por parte do SUS, porque o SUS tem uma resolução que estabelece o que uma unidade psiquiátrica tem que ter e nós observamos “in loco” que vários desses ítens não estão sendo cumpridos”.
Sobre a possibilidade de o relatório fortalecer a luta contra essas instituições, Souto disse que a OAB não pode fazer uma avaliação técnica se é favorável ou não a essa luta. Mas “manter pessoas do jeito que nós vimos aí, a OAB passa a ser contra”. Ele admite a internação, “mas com dignidade, com tratamento com medicamentos e, efetivamente, com alguém sendo tratado”.
O relatório inclui sugestões ao Ministério da Saúde, entre elas maior fiscalização, discussão em nível técnico sobre a internação em hospitais psiquiátricos e uma separação nos manicômios entre pacientes com problemas neurológicos e os que são tratados por problemas mentais.
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