O último oligarca

O senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), presidente nacional do partido e figurante com papel cativo na política brasileira nos últimos trinta anos, sobretudo nas ocasiões em que ela se apresentou como ópera bufa, volta-se agora contra o presidente Lula, a quem chama de incompetente. A atitude do senador catarinense, no dito popular, é o canto do cisne.

O PFL surgiu da derrocada do PDS e da candidatura de Paulo Maluf no colégio eleitoral. Na véspera do massacre, haviam renunciado da direção do partido governista os senadores José Sarney e Jorge Bornhausen, logo integrados à Frente Democrática Liberal, cabos eleitorais de Tancredo. Sarney foi para o PMDB e Bornhausen, um dos fundadores do PFL.

Herdeiro da oligarquia Konder-Bornhausen, rival dos Ramos na política de Santa Catarina desde os anos 50s, Jorge foi governador nomeado pelo golpe. A lógica da dominação levou as oligarquias a se fundirem numa só, alternando-se no Palácio da Agronômica, sede do governo estadual.

É desnecessário lembrar que Jorge é também herdeiro de imensa fortuna, filho de Irineu Bornhausen, poderoso banqueiro, exportador de madeira, industrial e agricultor. Chefe político da UDN, Irineu governou o estado e elegeu o sucessor, Jorge Lacerda, morto em acidente de avião em São José dos Pinhais.

Conservador, privatista, beneficiário das benesses do poder, oportunista defensor da governabilidade quando a podridão do governo Collor enojava o País, o senador Jorge Bornhausen, no dizer da senadora Ideli Salvatti (PT-SC), precisa muito treino para ser oposição.

Desde a origem, a rigor, o PFL sempre foi governo e na seara de favores e benefícios nutriram-se políticos como o senador catarinense. O esclarecimento é suficiente para colocar suas diatribes no devido lugar.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo