O presidente Lula conseguiu emplacar o novo ministro da Previdência, o advogado Nelson Machado, que respondia pela função de secretário executivo da pasta. O senador Romero Jucá, que não deu folga ao Planalto desde o desembarque no ministério na cota de Renan Calheiros, face às denúncias de malversação de verbas públicas em Rondônia, volta ao Senado.
No Ministério das Cidades a troca de titulares emperrou na birra de Olívio Dutra, retardando a posse de Márcio Fortes, secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, bancado pelo deputado Severino Cavalcanti, presidente da Câmara, mesmo não tendo filiação no Partido Progressista.
Márcio Fortes é figurinha conhecida desde o governo Collor, tendo ocupado cargos no segundo escalão até o último mandato de FHC. É o protótipo do tecnocrata convencional sempre desfrutável, treinado em sucessivos cursos de especialização, mestrados e demais penduricalhos da ilustração proativa.
Melhor ainda quando a especialização é estipendiada por verbas de instituições públicas voltadas ao fomento da pesquisa e desenvolvimento cultural dos quadros promissores da nomenclatura.
Com dificuldades insuperáveis para localizar no plano político-partidário astros com brilho próprio a quem entregar a camisa de ministro, Lula viu-se na contingência de resolver a questão adotando soluções domésticas. A exegese dos corifeus diz que o presidente preferiu colocar técnicos em alguns ministérios, a fim de cobrar resultados efetivos.
A indicação de Márcio Fortes, midiático economista fluminense, homem com trânsito no ambiente acadêmico em função de sua passagem pela Fundação Getúlio Vargas, não foi bem absorvida pela linha ética do PT.
Um ministro da intimidade de Lula, o companheiro sentado a seu lado na histórica foto da fundação do PT, há 25 anos, Olívio Dutra seria mandado de volta para casa. O constrangimento foi visível e chegou-se a supor que a despedida criaria uma saia justa rompendo o clima de cordialidade entre ambos.
A acidentada e pouco produtiva marcha do governo completou dois anos e meio, restando somente dezessete meses para Lula envergar o manto do taumaturgo.