O segundo mandato

O candidato Geraldo Alckmin disse que um novo governo petista terminaria já no começo. Referia-se às preocupações que assaltariam Lula e seus apoiadores com as eleições de 2010 e a necessidade de preparar um sucessor, o que seria o norte do novo governo já na primeira hora. O prognóstico é de preocupar, pois a nossa experiência com reeleições não tem sido das melhores e a do mandato de apenas quatro anos já provou que é tempo insuficiente para governar um país do tamanho do Brasil e com o gigantismo de seus problemas. Os segundos mandatos têm sido marcados por um menor dinamismo que os primeiros e pela preocupação de fazer os sucessores.

No caso de Lula, isso será mais provável, uma vez que o candidato petista permaneceria no Palácio do Planalto praticamente sem seu partido. Os petistas que ainda restam falam em refundar a agremiação, que consideram naufragada de vez com os escândalos que a marcaram e, por incrível que pareça, não atingiram Lula. O presidente tem aparecido como o símbolo chinês do símio que nada vê, nada ouve e nada fala. Se responsabilidades tem, são por culpa e não por dolo. À falta de uma ligação evidente do presidente com os escândalos e crimes praticados por seus correligionários, apoiantes e mesmo gente de sua equipe, acusam-no de culpa e não de dolo. E culpa é o crime menor, praticado por negligência, imprudência ou imperícia.

É difícil que, mesmo de um PT refundado, Lula venha a pinçar um sucessor, pois nenhum nome dos salvados do incêndio se destaca. Mesmo no pleito que levou o líder metalúrgico ao comando da nação, a participação petista foi pequena e insuficiente para creditar-se de uma vitória. O deputado Delfim Neto, que o apoiou e agora não logrou reeleição, em entrevista recente disse que foi Lula quem levou o PT ao poder. O partido foi carregado, não carregou.

Não se sabe com que forças políticas Lula poderá montar um novo governo. Muito menos quais os nomes que poderiam nelas surgir como possíveis candidatos à sua sucessão. Na atual gestão, o presidente formou uma coligação heterodoxa em que pulularam pequenas agremiações, quase todas atingidas agora pela cláusula de barreira. E nocauteadas no combate aos escândalos.

Um prognóstico é que o governo bisado venha a ter de escolher um nome do PMDB, mesmo tendo o partido, que já foi o maior do Ocidente, participado desta campanha dividido, uma parte com Lula e outra com Alckmin. É porque, embora dividido, ainda é o maior partido das hostes lulistas e o que mais nomes tem a apresentar para a sua sucessão.

A probabilidade maior, entretanto, é que o candidato situacionista para 2010 seja um governador, não importando a legenda e sim seu sucesso na administração estadual e capacidade de aglutinação em torno de seu nome. Essa hipótese, que entendemos mais provável, poderá significar o fim do sonho de um trabalhador no comando da nação. E até o fim da era Lula, com o eleitorado levando ao Planalto até um adversário do atual presidente. Um nome que já surge e com densidade é o do governador de Minas, Aécio Neves. Outro, o candidato derrotado por Lula, José Serra. Seria o fim da reviravolta política feita com Lula, derrubando os partidos ditos burgueses. Para os ?progressistas?, um retrocesso.

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