A primeira coisa que o prefeito deve saber é ler a geografia de Curitiba, em todos os seus aspectos: físico, econômico, humano e social. E ler, como deve ser toda leitura, não apenas decodificar os signos, mas interpretar o texto no seu contexto. É necessário que o prefeito tenha essa ciência e habilidade para, dentro de suas atribuições, orientar o crescimento harmonioso do município. Evidentemente que ele não fará essa orientação sozinho. Deve contar com a colaboração das instituições que, de modo direto ou indireto, participam da administração e da economia do município. E, necessariamente, dos municípios que são os que pagam os tributos e para quem deve existir o governo munícipes.
Essa leitura de Curitiba se deve projetar em uma visão de futuro do município, de modo que o planejamento conseqüente para o período do mandato integre o que é bom do existente e se estenda com uma perspectiva de um grande município, como é de sua vocação.
A segunda coisa que o prefeito deve saber é coordenar as ações necessárias ao crescimento de Curitiba. Essas ações, além de serem resultado de um planejamento técnico criterioso, demandam uma negociação permanente entre o poder executivo e outras partes de poder e de interesses. Se o planejamento, em seus detalhes, é delegado a um órgão especializado, mas supervisionado pelo prefeito, a negociação é função pessoal do prefeito, e que, para isso, precisa ter a habilidade adequada para fazê-la.
As duas coisas que o prefeito de Curitiba precisa fazer. A primeira é controlar a execução das ações de modo que elas aconteçam conforme foram planejadas e dentro dos ajustes necessários que os objetivos, o tempo, os recursos e os imprevistos recomendam. A experiência mostra que toda execução precisa de acompanhamento.
A segunda coisa é não se deixar envolver pelos “financiadores” de campanha eleitoral. Eles geralmente surgem durante a campanha sem reivindicações explícitas, mas, depois do candidato eleito, esses “financiadores” se vão achegando e fazendo suas cobranças. São cobranças que contrariam a lei e a moral. É preciso resistir a elas para confirmar a independência proclamada e não decepcionar o povo.
As propostas de realizações pontuais que aparecem na campanha eleitoral revelam, mais do que atrair eleitores singelos, uma visão pequena do que deve ser a administração de Curitiba.
As obras e serviços públicos de que Curitiba precisa devem decorrer da leitura referida acima pelo candidato que saiba fazê-la e o eleitor consciente saiba elegê-lo.
J. Ribamar G. Ferreira é advogado e professor aposentado da Universidade Federal do Paraná.