Renato Pedroso

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Convivo, às terças-feiras, no Centro de Letras do Paraná e às sextas-feiras, no Rotary Clube Curitiba Norte, com excepcional confrade e companheiro. Conheci-o nos idos de 1953, quando ambos mourejávamos no antigo Departamento de Geografia, Terras e Colonização, do qual saí, dois anos após, para a carreira da magistratura e ele continuou, formando-se em engenharia, pela Universidade Federal do Paraná, tornando-se professor de Fotogrametria, até a aposentadoria, mas desenvolvendo, atualmente, atividades profissionais, com largo sucesso.

Refiro-me a José Bittencourt de Andrade, paranaense de Rio Branco do Sul, casado com a artista plástica Maria da Luz, pai de Regina, Cris e Francine, avô ?coruja? de Alessandro Johann, Rebecca Caroline e Maria Vitória, sogro de Claudemir Bento da Silva.

A verve poética já surgira em 1958, quando colaborava com o saudoso Diário da Tarde, criando magníficos sonetos, dos quais Teu nome enseja transcrito:

?Se o argênteo luar desta noite

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em outra noite brilhar;

se as cantigas deste vento

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outro vento sussurrar;

Se o bailado destes ramos

for para outro lugar

se o murmúrio do riacho

outro riacho roubar,

nem tudo estará perdido!

Porque muito há de ficar…

o balanço de teu vestido,

o brilho do teu olhar,

teu nome que o deus Cupido

pra sempre, fez eu amar!?

Ph.D. em Ciências Geodésicas pela The Ohio State University, pode parecer estranho que, verdadeiro cultor da ciência exata, acostumado com cálculos e mais cálculos, ainda conservasse e, mais que isso, desenvolvesse inegáveis dotes poéticos, chegando a dar a lume o primeiro livro, sob o sugestivo título de P & P – Poesias e Preces, repositório inconteste da sensibilidade amealhada.

Se não bastasse o encantamento de seus poemas, restaria, sobranceira, a também poética O Velho e Menino – A Prece, entre outras, ensejatória de conhecimento:

Um senhor, magro, com os cabelos alvos, sentado em uma pedra, olhava as estrelas na abóbada celeste. Com um modo de olhar perdido no fundo do espaço, movia os lábios. Quando parava, olhava o chão e… sua mão fina, ossuda, quase transparente, tocava a terra, de leve, apenas com as pontas dos dedos. Perto, um menino observava: que faz esse senhor? E novamente, com o olhar fixo no infinito, o senhor pronunciava palavras não audíveis. Quando parou, o menino perguntou: ?Que faz, senhor, está triste?? ?Não, meu filho -, respondeu o senhor. Estou agradecendo… só agradecendo.? ?Agradecendo o quê?? ?Agradeço pelo que vejo, ouço e sinto. Agradeço, porque o grão de terra que posso tocar é tão importante quanto aquela estrela tão linda. Agradeço, porque a roupa que me agasalha e o alimento que me dá energia vêm da natureza, do meu trabalho e do trabalho de meus irmãos?.

P & P – Poesias e Preces é, na minha modesta ótica, produção literária de grande valor e conteúdo primoroso, digno dos apreciadores da bela e encantadora poesia, gênero em que pontifica, inegavelmente, José Bittencourt de Andrade!

Renato Pedrodo é desembargador jubilado, presidente do Centro de Letras do Paraná.