O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador cearense Tasso Jereissati, de parte da oposição, e o ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, juntamente com o deputado petista Sigmaringa Seixas, de parte das forças situacionistas, já estão mantendo conversações para uma saída, em caso de agravamento da crise que abala o governo Lula, segundo informa a colunista Eliane Catanhede.

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Em nome do ?interesse nacional?, seria substituído o sistema de reelegibilidade por um mandato presidencial de seis anos. Caso Lula não resista à tempestade e, de alguma forma, venha a deixar o governo, assumindo o seu vice, José Alencar, há a preocupação de que o empresariado fique descontente. Isso, embora Alencar seja também um empresário. A classe aprova a política econômica do atual governo, ou melhor, desaprova a que se presume seria praticada com a assunção à Presidência do atual vice.

Iniciativas concretas para acabar com a reeleição partiram de FHC e dos senadores Tasso Jereissati (PSDB) e Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA).

O cenário que vem sendo traçado não exclui cassações. Dentre as cabeças que estão sendo reclamadas há a do deputado José Dirceu, ex-ministro todo-poderoso da Casa Civil. A lista seguiria com o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e tantos quantos se descubra que estejam envolvidos nos escândalos que vêm pipocando quase que diariamente.

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Seriam dois cenários diferentes, para substituir o atual, de insuportável incerteza e desbragada roubalheira. O primeiro seria forçar Lula a fazer uma limpa no seu governo, garantindo a governabilidade com um ministério que viesse a contar com homens que mereceriam, se não a confiança, pelo menos o respeito da oposição e da população. Lula iria até o fim do seu mandato, mas mesmo assim não se descartaria a idéia de acabar com a reeleição.

O cenário mais radical é o fim da reelegibilidade e a interrupção, por vias legais, do mandato de Lula, seja pela renúncia ou até mesmo pelo ?impeachment?, solução que encontra a resistência de partidários fiéis do presidente e pudores de parte das facções oposicionistas mais sérias e conscientes.

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O que nos parece importante é o fato de a situação ter chegado ao ponto de ninguém mais acreditar que a crise esteja terminando, mas sim se agravando, a ponto de se ver no fim do túnel a ingovernabilidade. Essa situação é que levaria às soluções radicais aventadas. Pode ser que tudo não passe de cogitações de oposicionistas, admitidas por alguns influentes situacionistas e mesmo por membros descontentes do PT. Mas o simples fato de se falar em mudanças tão profundas, como fim da reeleição, frustrando anseios do presidente Lula; cassações de mandatos de importantes membros de suas bases e até mesmo a interrupção do governo do atual presidente, já é grave o suficiente para que os membros da atual administração ponham as barbas de molho. E, com o máximo de urgência, façam uma profunda higienização na administração, no Congresso e nos partidos que apóiam ou fazem oposição ao presidente.