O ministro republicano

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não se permitiu qualquer observação que lance dúvidas sobre a escorreita conduta do homem público escolhido para chefiar o Ministério do Trabalho, Carlos Lupi.

Por sua vez, sucessor no comando do partido, mas nem de longe herdeiro legítimo do legado histórico-político deixado por Brizola, o referido senhor legislou em causa própria e concluiu nada haver de impróprio em continuar exercendo paralelamente o cargo de ministro e a presidência nacional do PDT.

O mínimo que se pode dizer é que a situação é abjetamente constrangedora para o presidente Lula, que obrigado a repartir o governo em pequenos nacos e distribuí-los entre os partidos da base, decerto não contava com a astúcia de Lupi (alguns preferem qualificar o gesto com expressões mais contundentes), ao fingir-se de morto para continuar ministro e dirigente maior da facção política aliada.

A questão parece liquidada, pelo menos na ótica do chefe do governo, pois tampouco os indícios de concessões milionárias de verbas públicas a entidades não governamentais dirigidas por pessoas filiadas ao PDT, levaram-no a mudar de opinião. Ao contrário, o ministro passou a contar com a defesa explícita de Lula, que rotulou de ?bobagens? os comentários da imprensa sobre a prodigalidade de Lupi.

Lula não deixou de tirar sua casquinha, lembrando que o PSDB, que é governo em São Paulo e Minas Gerais, foi o partido que mais recebeu recursos do Ministério do Trabalho (R$ 102 milhões). Deve-se lembrar, no entanto, que não é a distribuição de verbas a esse ou aquele estado o parâmetro mais indicado para dirimir a questão ética suscitada pela presença de Lupi na composição do ministério.

O fato comezinho é que a primeira atitude do ministro indicado pelo fato de convencer o partido a se atrelar na base governista, deveria ter sido a hombridade de entregar a direção partidária ao substituto eventual, sobretudo para passar ao largo dos rumores de compadrismo e privilégios concedidos à patota.

Lula afirma que as atitudes de Carlos Lupi são exemplos do mais puro republicanismo. Até o conselheiro Acácio discorda.

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