Apesar do impacto inicial causado pelas denúncias do deputado Roberto Jefferson sobre o pagamento do mensalão, poucos podiam imaginar a virulência do petardo disparado contra o Partido dos Trabalhadores, e seus reflexos inevitáveis sobre o governo do presidente Lula.
Em meio aos vários nomes citados pelo denunciante surgiu o de Marcos Valério, sócio de duas agências de publicidade de Belo Horizonte, na verdade, desfrutando do nível de excelência no volumoso e cobiçadíssimo nicho de negócios do mercado publicitário, representado pelas principais empresas estatais.
Jefferson atribuiu a Marcos Valério tarefa que, aparentemente, o publicitário mineiro executava com o maior despreendimento, qual seja a de fazer gigantescos saques bancários e levar o dinheiro acondicionado em malas, para ser entregue ao tesoureiro do PT, Delúbio Soares.
Entre julho de 2003 e maio de 2005, as empresas de Marcos Valério fizeram saques no valor de R$ 21 milhões, os quais serão investigados pela CPMI, conforme revelou o relator Osmar Serraglio (PMDB-PR). Foi também nesse período que o patrimônio do publicitário cresceu rapidamente, e esse é um fato que precisa ficar bem explicado perante a sociedade.
Jefferson disse, mais de uma vez, que Valério falava em dinheiro com a mesma simplicidade usada para tratar de um assunto banal, e a referência acresce em relevância ante o valor das retiradas bancárias. As peças estão sendo dispostas e aos poucos o quebra-cabeças vai sendo montado.
