O médico e o monstro

O ser humano é um animal imperfeito. Tem instinto de fera (e age como tal), mas, desafortunadamente, é dotado de consciência, que é a capacidade de avaliar e julgar a própria conduta.

Animais irracionais agem apenas instintivamente na eterna luta por comida, poder e sexo. Mas como não têm consciência das conseqüências dos seus atos, não sofrem. São criaturas perfeitas, fiéis apenas ao seu instinto de sobrevivência, sem ética nem moral. Não gastam energia tentando justificar ou validar suas escolhas. Já o ser humano, cuja existência está baseada nas mesmas necessidades (comida, poder e sexo), tem plena consciência de que suas atitudes nem sempre são éticas ou morais, por isso acaba condenado pela culpa (exceção aos psicopatas). Na verdade, gostaríamos de ter apenas atitudes éticas e morais, porém não conseguimos abandonar nossa porção fera.

Quem não se lembra de O médico e o monstro de Robert Louis Stevenson, com o mistério envolvendo o honesto dr. Jekyll e o misterioso e sr. Hyde? Essa metáfora resume o drama da condição humana: não há como matar o monstro sem matar também o médico.

Djalma Filho é advogado

djalmafilho68@uol.com.br 

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