O terrível nó cego começa a ser, afinal, desatado pelo lento e persistente trabalho realizado pelos deputados paranaenses Osmar Serraglio (PMDB) e Gustavo Fruet (PSDB), relator e sub-relator da CPMI dos Correios. Para o relator não há dúvida que o Banco do Brasil, por meio da Visanet, repassou R$ 10 milhões para a DNA, uma das agências de publicidade de Marcos Valério.
A operação justificaria o pagamento de prestação de serviços não confirmada pela referida agência na divulgação publicitária dos cartões de crédito e débito do BB, administrados pela empresa Visanet. Na verdade, segundo Serraglio, o dinheiro acabou irrigando a rede ilegal do valerioduto.
Lula convocou reunião de emergência, para a qual chamou o ministro Antônio Palocci, homem que comanda as instituições financeiras federais, a fim de evitar que esse rastilho de pólvora atinja a barrica de dinamite e mande pelos ares o que resta do governo.
Afinal, ninguém em juízo perfeito admite que o dinheiro manipulado por Marcos Valério e Delúbio Soares tenha caído do céu como maná, ou foi prodigalizado por inédito compadecimento patriótico que amoleceu o coração dos diretores de dois bancos mineiros.
A lambança vai causar um estrago com o qual o governo não contava e para o qual decerto não está preparado. O relator Osmar Serraglio fala em propor no relatório final o indiciamento de Luiz Gushiken, na época responsável pela centralização das contas de publicidade do governo federal e, por dever de ofício, ciente dos contratos da Visanet com a DNA.
Outro que volta à berlinda é o ex-diretor de marketing do BB, Henrique Pizolatto, responsável pela seleção das agências a ser contratadas para fazer a publicidade do banco, que negou ter indicado a DNA para cuidar das campanhas da Visanet. Os dirigentes dessa empresa confirmam que a agência foi recomendada por Pizolatto.
No Planalto a ordem é ampliar a operação abafa, tanto pelo menosprezo às afirmações de Serraglio, a princípio catalogadas como ilação ou precipitação. Até o presidente Ricardo Berzoini, da executiva nacional do PT, foi acionado para jogar o partido na defesa política do governo.
A oposição, cuja reserva de fogo contra os absurdos da brigada lulista aumenta todo dia, nem sabe o que fazer com tanta munição.